sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Pintura de Bastian - O Senhor da Ordem dos Ladrões.


Essa é uma antiga e provável ilustração de Bastian, o senhor da Ordem dos Ladrões, e homem ligado a diversas conspirações na Europa durante o século XVII. Pouco se sabe sobre ele, porém algo que fica claro é que ele não foi um homem comum, podendo ser visto sempre com a mesma aparência e vitalidade em decorrer de muitos anos.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO V - PARTE III

Macula e Bastian andavam pelo corredor escuro até chegar na porta onde se encontrava a passagem secreta para o mundo que não sabia da presença da Ordem dos Ladrões, os passos das duas figuras ecoavam pelas paredes dando a impressão que alguém à frente deles vinha de encontro, porém nunca se via alguém surgir logo a frente.

Aqueles corredores eram muito antigos e pareciam guardar histórias acumuladas de tempos remotos, onde fatos intrigantes, reconhecidos pela história, foram contados e vividos na verdadeira realidade de seu fluxo. Grandes coisas foram ditas, escondidas e planejadas naquele lugar, pessoas ilustre e desconhecidos por ali passaram e levaram um rumo novo o Velho Mundo.

Bastian contava a Macula diversos fatos que foram deturpados para esconder a verdade e servirem de engodo ao povo como um todo, e sempre a Torre dos Dez estava envolvida, interferindo no rumo da história e criando falsas lendas para conseguir fazer com que todos idolatrassem pessoas que eram na realidade fantasmas.

Macula andava e escutava os fatos em silêncio, analisando a voz de Bastian, que o tempo todo se mantinha firme e coerente. Lá no fundo o assassino começava a se espantar com o anfitrião dos ladrões, pois tudo o que ele dizia parecia ser real, porém pelo fato dele ser um ladrão de estirpe alta, Macula começava a acreditar que ele tinha algo de diferente, um poder de persuasão muito grande, que se mostrava fora dos níveis de um homem qualquer. Seria aquele um poder poder, assim como o Fantasma e ele tinham? era a pergunta que começava a ecoar na cabeça do assassino, pois até um tempo atrás, até conhecer o Fantasma, ele se achava único. Mesmo notando os critério de veracidade na voz de Bastian e nenhuma mudança de batimentos cardíacos ou mesmo de temperatura do corpo do ladrão, tão significante que fizesse um momento ecoar como uma mentira.

O ladrão contava suas histórias com tanta desenvoltura e detalhes que tudo parecia ter acontecido do modo como contava. Alguns faltos eram muito simplórios e não fazia sentido haver alguma mudança no decorrido, pois apenas o tornavam supérfluos, levando a história de revoluções da Europa até aquele instante serem completamente triviais e pouco fantásticas como eram contadas. A paixão pela história da Ordem dos Ladrões era óbvio em seu discurso, tanto que havia um pouco de idolatria chegando ao nível da mesma ser quase uma religião para esse homem.

- Escute Macula, tudo o que a Ordem dos Ladrões nos conta é a realidade nua e crua, não existem fatos que não foram modificados na história, todos somos vítimas do poder dessas pessoas que dominam o Velho Mundo.

Macula respondia sempre "Se assim o dizes!", pois já estava começando a ficar entediado e um pouco desconfiado do caráter idolátrico do homem a sua ordem. Na cabeça do assassino começava a passar a pergunta:
Seria esse um fanático ou uma pessoa que teve a mente moldada para gerar tantas conspirações? 

sábado, 30 de novembro de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO V - PARTE II

O ódio permeava o coração do Fantasma, ele corria pelas ruas da cidade lusa, mas ninguém o notava, pois ele fazia jus a sua alcunha, era um fantasma, invisível e intangível que ultrapassa as paredes sem deixar vestígio, ele entrava de casa em casa e tentava encontrar algum sinal de organização frente a alguma conspiração a favor da invasão napoleônica.

Ele corria pelas casas, mas não descobria nada e com isso seu ódio continuava a crescer, o Fantasma não tinha mais escrúpulos por sua vingança, ele iria usar seu dom ao máximo até conseguir o que tanto almeja. Conforme ele se movia pelas casas ele percebeu que algumas crianças conseguiam vê-lo, essas crianças apontavam para ele ou saiam correndo chamando pelos pais. Esse fato começou a fazer o Fantasma parar um pouco a sua perseguição por pistas e a pensar o que estava acontecendo.

Ele começou então a interagir com todas as crianças que passava perto e ele descobriu depois de algumas horas que os pequenos com menos de 10 ano conseguiam vê-lo. O Fantasma se intrigava e por horas esqueceu de seu objetivo, tanto que ao interagir com as crianças começou a intrete-las e assim seu ódio foi diminuindo. 

As crianças começavam a se divertir com o Fantasma, e os pais somente viam os pequenos rindo para o nada. Até que ao entrar em uma casa e começar a intreter um menino, ele ouve um homem falar sobre Napoleão e que ele iria usar uma determinada rota para invadir a cidade lusitana. Nesse instante o ódio crescente retorna com força ao Fantasma.

Ele espera o homem que era o pai da criança, sair da sala onde conversava com um visitante e então o segue. O Fantasma não percebe, mas a criança o seguia, e enquanto o homem urinava em uma fossa ele o ataca, arremessando-o em uma parede e colocando a faca no pescoço do mesmo ele fala:
- Você deve estar confuso, pois não está vendo seu agressor.
- O que está acontecendo?
- Conte-me sobre a rota de Napoleão!
- Onde você está?
Nesse momento o Fantasma sente uma fisgada, como a de um corte e então vê o menino com uma faca na mão, cravando-a em sua perna.
- Larga meu pai. 
- O que está acontecendo filho? Você vê quem me segura?
Então o Fantasma solta o homem e desaparece do local, deixando pai e filho vivos, ele sabia agora que tinha uma deficiência, que por algum motivo uma simples criança era capaz de vê-lo e mesmo de feri-lo. Seu ódio podia se tornar um grande inimigo. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO V - PARTE I

Naquela época em que Bastian havia chamado Macula e o Fantasma para irem até Portugal, o general Napoleão marchava em direção às terras lusitanas, com finalidade de punir quem não estava respeitando a imposição francesa ao bloqueio continental de comércio com a Inglaterra. Bastian era um homem sagaz, que não tomava atitudes sem ao menos haver pensando cinco passos adiantes ao que havia tomado inicialmente. Por algum motivo Bastian sabia que Portugal iria quebrar o trato naquele período, talvez por ele mesmo ser um conselheiro real que ninguém imagina que existia, ou simplesmente pelo fato de ser uma grande estrategista oculto nas sombras do poder. Pelo conhecimento desse fato, ele fez com que os assassinos viessem até a terra que seria invadida, somente para colocar em confronto tais forças.

Macula permanecia junto ao anfitrião da Ordem dos Ladrões, mas não conseguia ver os rastros que o fantasma costuma deixar para trás. Esses rastros eram tão fantasmagóricos quanto o homem que os gerava, e ninguém além de Macula conseguia vê-los, devido aos seus dons ópticos.

- Macula... O que espera fazer? Vai tomar a mesma atitude que o Fantasma teve?
- O fantasma é um assassino implacável, porém age muito com o lado emocional!
- Por que você diz isso?
- Bastian... Você pode ter conseguido enganar o Fantasma, porém, a mim você não consegue usar de sagacidade.
- Ainda não entendo meu caro!
- É simples, quando você falou sobre o Rei Sol, eu pude ver uma corrente de calor pulsando de dentro de você, sempre que vejo alguém falar alguma coisa e esse pulso de calor surgir é que existem intenções fortes da pessoa frente ao fato em questão.

Bastian olhou atento para Maluca e então sorriu de forma espantado, pois não esperava que a capacidade de leitura comportamental do assassino fosse tão relevante.

- Diga-me a verdade Bastian, você sabia que o exército de Napoleão rumava para cá não é verdade?
- Sim eu sabia, e sabia que a família real lusitana iria fugir daqui para sua colônia.
- Você quer evitar que eles invadam essa terra?
- É claro que não!
- Então qual é seu intuito?
- Quero acabar com a arma que ele tem... Deve haver um equilíbrio no mundo!
- Isso vindo de um ladrão me surpreende!
- A função da Ordem dos Ladrões sempre foi tirar todo o tesouro abusivo e despótico de uma mão e distribuir em diversas... Sempre combatemos a Torre dos Dez, pois somente Dez é muito pouco para toda a Europa.
- Como vocês são caridosos... Nos trouxe aqui para mostrar uma realidade que pudesse no enervar e dessa forma assassinar Napoleão?
- Não, Napoleão já tem seu destino traçado, em breve ele irá cair e eu já sei até a data de sua morte, porém quero acabar com sua arma... Mais nada!

Macula o lê o tempo todo, porém não encontra mais motivos de dúvida em sua persistente fala e reconhece força no seu intuito, porém Macula ainda não tinha tomado a sua decisão real.

sábado, 14 de setembro de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO IV - PARTE V

O general que viria a se tornar imperador em um futuro próximo tinha em suas mãos a arma mais poderosa de toda a Europa, e era um simples homem, capaz de mudar o rumo da história com simples músicas extraídas de seu violino.

Em diversas batalhas em que Napoleão se envolveu o violino era ouvido antes da peleja começar, muitos diziam que era o próprio diabo quem estava tocando o réquiem. Os inimigos sempre entravam em pânico, acreditavam que o general francês havia prendido o demônio em uma gaiola e o levava no campo de batalha forçando o mesmo a tocar e trazer a morte aos quem o enfrentava.

Muitos soldados corriam das linhas de frente, e os que ficavam sempre morriam degolados, com um corte fino na garganta. Enquanto a música tocava um silêncio nas linhas de frente se dava, sendo somente o violino ouvido ao longe. Ninguém sabia, mas haviam notas especiais que davam a habilidade especial ao Violinista e eram notas mais graves, que não podiam ser ouvidas a longas distâncias por serem mais baixas, porém quem se encontrava perto logo ficava imobilizado pela vontade do músico.

Do lado oposto ao da corda do arco, havia uma lâmina muito fina, que o Violinista usava para degolar seus inimigos, ele mantinha os soldados parados no tempo e ao passar por cada um os degolava com o arco. E no momento de silêncio em que o músico fazia sua chacina os canhões eram disparados e uma cortina de ferro e fumaça se formava, instaurando mais medo ainda, pois somente podia-se ver ao longe uma silhueta andando em meio a névoa que se formava. 

Em seguida quando o outro exército já estava recuado e sem saber o que fazer, acontecia o golpe de misericórdia, a música se iniciava de novo, e pelos flancos ou por trás havia o ataque da cavalaria de Napoleão. Essas foram batalhas onde poucos franceses perderam a vida. O general avançava pela Europa e conquistava tudo o que queria. E isso estava gerando um desequilíbrio na ordem da Europa, a Torre dos Dez estava se enfraquecendo.

Devido aos ataques de Napoleão os poderosos da Europa e que compunham a Torre dos Dez se reuniram para tomar uma decisão frente ao general francês que tomava conta de tudo. Senhores Italianos, Espanhois, Lusitanos, Ingleses, Romenos e Alemães se encontravam juntos e discutiam a contratação de um assassino para findar com a vida de Napoleão.

Em meio a essa reunião se encontrava Bastian, que logo se pronunciou, em um linguajar antigo comum a todos os integrantes da Torre dos Dez.
- Eu tenho dois grandes assassinos em mente, o Fantasma e Macula!
 
Um inglês se levanta e fala alto:
- Esse tal Fantasma assassinou o rei da Inglaterra e esse Macula quase toda a nobreza da Europa... Não confio neles, prefiro uma ofensiva de todos nós contra Napoleão!

Então Bastian fala calmamente:
- Você não sabe o que fala! Não sabe que Napoleão está usando de meios diferentes para vencer. Ele também usa um assassino, e um dos mais poderosos que já tive notícia.
O inglês retruca:
- E você pensa que é quem? Você acha que é a sumidade dos assassinos?

Nesse momento a porta do recinto onde a reunião se desenrolava é aberta e um homem magro entra e diz:
- Esse não é ninguém mais que Bastian, senhor da Ordem dos Ladrões!
Um espanhol se levanta e aponta uma pistola para o intruso e diz:
- Como ousa entrar aqui? Quer perder a vida?

Bastian também se levanta e se põe entre a pistola e o intruso.
- Amigo baixe essa arma, esse homem que aqui aparece como um intruso vem nos trazer a resolução de nosso problema frente a Napoleão.

Bastian continuou:
- Por favor, entre e sente-se na nossa mesa, meu amigo!
O Espanhol esbraveja:
- Explique-se Bastian! Como você permite esse homem entrar aqui?
- Fique calmo amigo espanhol, esse é meu amigo, o maior estrategista do mundo... Apresento a todos vocês o Vernaculista!   

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO IV - PARTE IV

Alguns anos se passaram desde que Napoleão havia feito o seu primeiro contato com o Vernaculista, ele já tinha fortalecido seu nome frente às campanhas de coligação, buscando sempre fazer as pessoas o idolatrar devido suas estratégias militares, assim como ele idolatrava o Vernaculista.

Napoleão encontrava-se deitado, em uma cama luxuosa, em uma casa na cidade de Paris, alguns soldados se mantinham atentos ao redor da casa, afim de proteger o general de assassinos que estavam andando por toda a França nesse período tão conturbado, onde a monarquia perdia força e muitos eram mortos.

Um soldado bate a porta do quarto do general, o mesmo já estava acordado e sentado em uma escrivaninha,onde rabiscava um texto em uma folha de papel.
- Pode entrar!
- Com licença senhor, já estão aqui as pessoas que o senhor pediu que o comboio trouxesse de Versalhes.
- Mande-os entrar!
- Sim senhor!

O soldado vai até a sala descendo uma escada barulhenta, que garantia a Napoleão saber com antecedência se havia alguém chegando próximo ao seus aposentos. O general conseguia até ouvir o que o soldado falava na sal, devido um interessante fenômeno de acústica arquitetônica do prédio.

- O general os espera, por favor, sigam-me.

O som dos passos indicava mais de duas pessoas na escada, porém não conversavam, até que o som desapareceu e Napoleão se perguntou se eles haviam parado na escada. Por alguns instantes nenhum som se ouvia dentro da casa, então Napoleão pegou uma pistola que ficava próximos aos seu joelhos na escrivaninha e apontou para a porta. Até que ele ouviu um som agudo, como o de um esticar de cordas violino, porém não vinha da sala ou da escada, mas vinha da sacada de seu quarto. Napoleão se vira para a porta de vidro da sacada e repara que a mesma estava aberta, e contra a luz duas figuras escuras se encontravam em pé perto do peitoril da sacada. O general vira rapidamente sua pistola em direção as figuras, dá alguns passos em direção a cabeceira de sua cama, onde estava sua espada, e a desembainha. Ele mira na figura da direita, pois o que estava na esquerda levaria mais tempo para entrar em seu quarto, dando tempo dele pegar a outra pistola que estava embaixo da cama, então o general puxa o gatilho, mas projétil algum sai de sua arma. Nesse momento ele sentiu um calafrio e bradou:
- Que diabos são vocês?
A figura da esquerda se vira e diz:
- Não nos tema, somos seus amigos!
Napoleão reconhece a voz e diz assustado:
- Vernaculista? Como você passou por mim sem que eu o visse? Como o som da escada sumiu?
- Muitas perguntas, porém tenho as respostas. Disse o antigo amigo.
Napoleão vai até a sacada e fica entre os dois homens e se dirige ao Vernaculista indagando-o:
- E a arma que me prometeu?
- Está ao seu lado!
O general se vira para a direita e observa o homem de capa e capuz preto, e das sombras do manto escuro podia ser vista uma barba avermelhada e uma pele muito clara.
- Minha arma? esse homem não me parece nem mesmo perigoso, me parece doente na realidade!

O Vernaculista tira seu capuz e fala bem pausadamente:
- O que você me diria de um homem que pode entrar e sair de lugares, ou se aproximar de soldados em campo de batalha, sem que os mesmos o percebam?
- Diria que é um grande assassino esse homem.
- Pois bem! Esse homem a sua direita é um homem de talento jamais visto.
- Mostre-me então!
- Devo mostrar novamente? disse o homem.
Napoleão o olha irritado e brada:
- Tire seu capuz para que eu veja sua face!
O homem se vira e diz:
- General de grandes feitos, porém sua irritação vem de uma ferida no estômago!
Napoleão gira sua espada no ar, porém o Vernaculista segura seu braço e impede o mesmo de se exaltar físicamente.
- General! Não dê ouvidos a ele... Ele está irritado pois atiraram nele hoje!
- Ninguém fala assim comigo!
- Napoleão você sabe por que sua pistola não disparou?
- Não sei, acredito que a pólvora seja de qualidade ruim... tivemos um problema parecido com algumas munições durante a campanha, vieram de um carregamento que caiu no mar e estragou as balas.
- Uma boa explicação, porém observe aqui no batente da sua porta, há um estrago causado por disparo de arma de fogo. E com certeza é um tiro de sua pistola!
- Não pode ser, eu disparei ela contra você agora mesmo... Não me lembro de ter atirado em outra direção!
- Meu amigo, que horas o seu soldado informou-lhe sobre nossa chegada?
- Acredito que eram em torno das nove horas da manhã... Mas não estou encontrando meu relógio para ver que horas são agora.
- Muito bem! Vê ali na entrada da sua casa... um brilho perto da porta... vá até lá, aquele é o seu relógio.
Napoleão sai em direção às escadas e descendo ele encontra na sala o soldado que foi lhe informar sobre a chegada de seus convidados, porém o mesmo se encontrava de pé, marchando em direção a saída da casa.
- Soldado o que está acontecendo?

Porém o mesmo não responde, nem mostra movimento respiratório, parecendo uma estátua. Então napoleão vai até onde estava seu relógio, e o pega do chão. Ao olhar no visor de cristal ele percebe que haviam passado duas horas desde a chegada do Vernaculista e do misterioso e insolente amigo.
O general vai até o soldado e pega de seu bolso o relógio e vê que o mesmo marcava ainda nove horas, porém o mesmo estava parado, com o ponteiro tendo uma pequena vibração, como se algo o impedisse de prossegui o caminho, enquanto que o ponteiro do seu relógio se movia normalmente. Napoleão vai até a cozinha para pegar uma faca e tentar abrir o tampo traseiro do relógio de seu soldado e ver se não havia falta de alguma engrenagem e então nota algo extremamente fora do normal. A torneira da pia gotejava, porém a gota não caia na pia, simplesmente desaparecia no ar. Voltando ao seu quarto Napoleão se dirige ao Vernaculista que agora se encontrava de pé dentro do quarto e segurando a espada do general.
- Notei coisas curiosas acontecendo, mas não sei explicar!
- Essa é a quarta vez que você diz isso hoje meu amigo.
- Não compreendo!
Então o Vernaculista se põe a explicar:
- Nossa arma, não é um homem comum, que consegue matar somente rápido seus inimigos, mas sim, um homem que pode matar exércitos inteiros! Esse homem se usa das melodias tiradas de seu violino para conseguir paralisar a realidade e consequentemente o tempo, na realidade, com a música ele consegue instalar imagens em sua cabeça, te hipnotizando e abrindo espaço para ele fazer o que deseja.
Nesse instante Napoleão se vê sentado em sua escrivaninha e na sacada duas figuras em pé contra a luz, porém uma das figuras estava finalizando um réquiem de violino, então o general se levanta, deixa cair sua pistola e sussurra:
- Agora eu compreendo tudo!
 
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO IV - PARTE III

Napoleão já era um grande estrategista social e belicista nesse período da história, gostava muito da repercussão de seus feitos e esse era seu grande defeito. Ele era um homem que necessitava manter seu ego inflado, sendo essa sua arrogância nascida desde sua infância, porém, mesmo sendo arrogante, ele sabia se apoiar muito bem nas pessoas, para que seus planos concretizassem da forma que ele esperava. Napoleão tinha grande apreço por pessoas tão ambiciosas quanto ele, ou que se destacavam frente a uma obsessão. O Vernaculista era o homem que o general mais admirava, devido as histórias que ele ouviu no período de escola militar.

- General, posso entrar? Diz um dos jovens recrutas que acompanharam Napoleão no primeiro encontro com o Vernaculista.
- Aproxime-se! Napoleão estava em um pequeno quarto nos arredores de Paris, escondido, pois havia um grupo de soldados procurando-o para leva-lo à corte marcial, pois era considerado um grande desertor e também um traidor do império.
- Senhor, acabou de chegar em minhas mãos um envelope.
- Dê-me!
- Aqui está, o entregador disse a seguinte frase para mim "ACORE CVE CIVM IS TORN!"

Essa frase fez com que Napoleão pegasse o abridor de carta que estava sobre a mesa, e com um movimento rápido da lâmina prateada ele abre o envelope, e logo em seguida se desloca até uma janela e começa a ler o que estava escrito no papel. Porém ele se vira e diz:
- Leia alto o que está escrito nessa folha de papel.
- Está em branco general! Diz espantado o recruta.
- Não te intriga isso?
- Obviamente senhor.
- Porém tem algo escrito nessa folha.
- Não vejo nada senhor.
 
Napoleão toma a carta da mão do homem e se encaminha na direção de uma vela, colocando a mesma sobre a chama da vela.
- Ira queima-la senhor?
- Pelo contrário, irei revela-la!
- Queimando a mesma senhor?
- Preste atenção, somente irei aquece-la, pois a tinta com a qual foi escrita é termicamente sensível, observe!

Logo em seguida a tinta começou a se revelar e linhas escritas apareceram, mostrando não só uma carta, mas também desenhos que pareciam de um mapa.

- Magia?
- Nada disso meu caro, pura química, essa tinta não passa de sumo de alguma fruta cítrica, que quando aquecido reage e adquire cor e dessa forma torna a carta legível!
- Brilhante senhor, como sabe disso?
- Não sou um simples militar, meus estudos não são limitados ao campo de batalha, sou o futuro da França, da Europa e do Mundo!
E continuou:
- Agora por favor saia e feche a porta, tenho coisas importantes para ler.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO IV - PARTE II

Uma aliança começava a se formar em meio de tempos conturbados, exército e conselheiro imperial, lado a lado com finalidade ainda um tanto quanto obscura, porém a queda do imperador era o que os motivava.

- General eu tenho um presente para seu exército, porém quero ter poderes frente às discussões e ações que serão tomadas.
- O que seria esse presente? Uma arma?
- Teoricamente é uma arma.
- Como uma arma pode ser teórica, ela é de mentira?
- A arma é real e acredito que você vai gostar quando vê-la!

Napoleão conhecia as histórias sobre o Vernaculista e sabia que ele sempre era muito sério, sabia que não era um simples conselheiro imperial e queria muito ter um homem como aquele ao seu lado.

- Muito bem! E quando vou ter essa arma em mãos?
- Antes deve fazer uma coisa muito importante e que pode custar a vida de muitos.
- Eu já arrisquei minha vida diversas vezes e hoje eu tomo decisões antes de arriscar novamente tão valioso bem ... Vai ter que me dizer mais do que isso para que eu arrisque meu precioso bem.
- Pois bem General, quero que invada a casa real.

O general abre um sorriso e diz:
- Está louco? Sabe quanto tempo seria necessário para invadir aquele lugar?
- Não desejo que invada o local, mas sim, que chame a atenção do exército imperial, para que eu possa libertar a arma.
- A arma necessita de liberdade... Mas que arma é essa?
- É uma pessoa General!
- Está de brincadeira conosco ou é um louco? diz um homem que seguia Napoleão.
- Fique calado e deixe o Vernaculista continuar! Exclamou Napoleão.

Napoleão queria acreditar no que o Vernaculista dizia, mas era muito difícil acreditar que um homem só poderia se transformar em uma arma, porém se era protegido do imperador isso indicava que podia ser alguém muito importante.
- Essa pessoa deve ser muito importante para que você deseje invadir um local tão protegido e arriscar a vida de tantos.
- Não é ninguém importante, porém o que ele faz que é importante.
- O que ele faz? perguntou o general.
- Ganha batalhas! Respondeu o Vernaculista.
Os olhos de Napoleão brilharam frente as palavras que ouvira, e como ele ansiava e conhecia a reputação, nas histórias dentro do exército sobre o Vernaculista, ele não demorou a acreditar e aceitar a proposta feita.
A conversa se prosseguiu por alguns minutos mais e uma aliança se forma, e dessa aliança novas mudanças ocorreriam nos poderes da Europa.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO IV - PARTE I

Era 5 de outubro de 1795, uma grande mudança na estrutura organizacional da França tinha se dado, as eras dos déspotas teoricamente haviam chegado ao fim, porém um caos generalizado eclodia todos os dias, com aqueles que tinham menos poder no passado, demonstrando que perceberam sua força, diversas cabeças rolaram, pelo rápido movimento da lâmina de uma máquina que era tão assustadora quanto o Juggernault, todos os dias a guilhotina era acionada indiscriminadamente, muitos diziam que ela cortava as cabeças antes mesmo do sujeito ser questionado do por que se encontrava em frente de um "juri".

Em meio a isso tudo, um astuto general francês de origem italiana, chamado Napoleão Bonaparte estava em batalha contra os monarquistas de Paris. Esse general estava ganhando poder entre os homens influentes da França, além da Torre dos Dez.

Ele havia estudado táticas militares em La Fère, se formando tenente em 1785 e lá ouviu umas histórias intrigantes sobre um homem que trabalhava para o imperador, que tinha uma habilidade intelectual muito grande. Tinha uma grande vontade de conhecer esse homem, até que em 1793, foi obrigado a fugir para a França continental, correndo direto até Paris e lá conseguiu um encontro com esse homem.

Entre os escombros de uma antiga casa, um grupo de homens de patentes militares se encontram e um ar de conspiração se expandia pelo local. Estava frio e escuro, e as vezes se escutavam vozes ecoando pela noite, alguns acreditavam que essas eram as vozes de pessoas guilhotinadas. Os dois grupos se encontram, haviam umas nove pessoas, um grupo com seis e outro com três aparentemente, porém ninguém negava que entre os escombros alguém se encontrava escondido, com um mosquete apontando em direção à cabeça de alguém.

- Você é Bonaparte? Perguntou o homem alto e magro.
E dentre as três figuras do outro grupo, um homem veio a luz e disse:

- Esse é meu nome! quem os dizes?
O homem o observa e diz:
- Você não é o general Bonaparte!

O homem irritado dá mais dois passos a frente, ficando totalmente iluminado por uma entrada de luz, franzindo a testa e puxando uma pistola ele diz:

- Como ousa me desmentir, puxe sua pistola, vamos duelar!
O homem magro fica parado e calado, olhando para os outros dois homens na sombra.
- Vamos! Enfrente-me! Bradava o homem.

- Saia das sombras general, vamos conversar. E continuou: 
- Você me chamou aqui estou.

O homem com a pistola engatilha a arma e mira entre os olhos do homem magro. Mas nessa hora uma voz vinda das sombras ecoa:
- Abaixe a arma.
Prontamente o homem abaixa a pistola e começa a caminhar de volta para as sombras, nesse momento uma das figuras se desloca e se manifesta.
- Sou Napoleão Bonaparte.
- Sim agora é você!
- Como sabe que sou eu e não o homem que se encontrava a instantes na sua frente?

O homem magro abre um sorriso e diz:
- Não sou chamado de Vernaculista a toa, sua fama o precede general.
- Que fama?
- Todos os homens que escapam da morte frente a seu exército, dizem que um homem baixo e com aspecto diferente, ficando com uma mão por dentro da farda, é a pura imagem do demônio ou da loucura.

Um ar de espanto aparece na face do general, não era possível saber se aquilo era por orgulho ou por medo de sua reputação. Mas uma coisa era explicita, o brilho nos olhos do pequeno homem contagiava quem o observava.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO III - PARTE X

Andando junto ao menino pelo grande salão do palácio, o Vernaculista se dirige até uma parede com uma porta enorme, toda de metal, rodeada por um batente robusto que parecia ser indestrutível.
O Vernaculista olha para baixo e fala na língua nativa do garoto :
- Menino, seu novo lar se encontra atrás dessa porta cofre.
O menino olha com um ar choroso para o homem magro e então fala:
- Não tenho medo! Já sou um homem!
- Muito bem! Diz o Vernaculista.

O Homem então puxa uma corrente, e um som de sino toca, logo um homem por tráz da porta pergunta.
- HV ERH?
E o Vernaculista responde:
- ACORE CVE CIVM IS TORN!
Então um estalo metálico e sons de correntes começam a surgir, um balançar abaixo das solas dos pés surge com o movimento da grande porta se abrindo sozinha. Alí era uma das entradas para o berço da Máquina do Diabo.
Enquanto a porta se abria o homem olha para o menino e diz:
- Se um dia te perguntarem onde viveu, diga que morou na cova do Juggernault.

A pesada porta se abre e um soldado aparece com uma tocha, ele faz um sinal para adentrar no estranho túnel escuro.
- Sigam sempre em frente. Diz o soldado.
O caminho era longo, e diversos portões com grades eram muitas vezes iluminados pelo caminho, não dava para ver o que havia no interior, mas pareciam locais pequenos e tenebrosos.
- Garoto! Não fixe seus olhos no interior desses portões! Puxando com força o braço do menino.

Aqueles era calabouços, lugares onde muitos sofreram torturados pelos generais do Imperador, em busca de respostas sobre possíveis grupos que queriam derrubar a monarquia. Também muitos que possuiam posição para se tornarem importantes aos olhos da Torre dos Dez dentro da França, morreram ali.
A maior preocupação do Vernaculista não era em poupar o menino de ver uma imagem forte pois se preocupava com ele, mas sim, pois queria evitar um choque ou susto muito grande. Ele sabia que isso poderia travar a sua habilidade, causar uma paralisia permanente em sua mente prodigiosa.

Porém esse era o primeiro teste que o menino seria submetido, o Vernaculista sempre apostava alto, e estava apostando na força de vontade e coragem do menino em não se assustar e obedecer suas ordens. Ele queria ver o quanto o garoto estava preparado.

Ao longo do caminho nenhum dos dois soltou mais uma única palavra e somente o som dos passos podiam ser ouvidos, até que o som de um pancadas, vozes e arrastares começou a surgir, juntamente com uma luz amarelada. Estavam eles chegando ao fim do túnel, culminando em uma grande cúpula, onde o Juggernault repousava e diversos homens trabalhavam, malhando ferro, preparando pólvora e empurrando carrinhos com diversos materiais estranhos. Aquele lugar além de ser o berço da Máquina do Diabo, também era o centro nervoso bélico do exército francês.

Um homem vestido com roupas de soldado de primeira classe ou guarda pessoal do imperador recebe os dois e diz em francês:
- Vou cuidar do prodígio, amanhã mesmo iniciamos seu treino.
- Está certo! Mostre os alojamentos a ele.
- Sim senhor. Diz o soldado ao Vernaculista, fazendo um gesto, juntado os pés e batendo a mão na perna esquerda.

O menino logo percebe que o Vernaculista não era um qualquer, e que somente o imperador o via diferente dos demais, que o respeitavam como um grande chefe. 

Uma grande área, cheia de portas se estendia ao lado da enorme oficina de armas, eram diversos quartos, uma para cada homem que trabalhava ali, e não diferente dos demais, esse soldado também tinha o dele. 
Falando em Ucrâniano ele se dirige ao menino:
- Qual seu nome?
- Mikháilo. Responde o garoto.
- Muito bem Mikháilo, você irá viver comigo, e amanhã começamos sua nova vida!
Então ele abre a porta do quarto pega uma vassoura e diz:
- Comece a limpar o chão onde você irá dormir! Você não gosta de dormir na sujeira não é verdade?