domingo, 14 de fevereiro de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo III - Parte II

A criatura corria por entre a relva típica de uma selva tropical, dando grandes saltos em direção a galhos de arvores fortes, ele voava pela floresta, era um terrível caçador, sobre seus ombros, podiam ser notadas as longas madeixas negras, do cabelo da jovem balançando com o vento. Mas a criatura tinha medo, se movia o mais rápido possível, pois sabia que estava fraco e não tinha força para enfrentar um verdadeiro inimigo.

Ele sabia que aqueles reles humanos não seriam páreo para ele, mas ele temia outra coisa, algo maior, algo despertado pelo cheiro do sangue inocente derrubado por um Incubus. Ninguém podia saber de sua localização, pois se não sua fraqueza o mataria. A ameaça que ele temia tinha sido mandado como um caçador de sobreviventes, nunca houve um relato de um ter sido abatido fora de Atlântida, por isso ele o temia e o respeitava.

O medo e a sede tomavam conta de seu corpo. O que fazer? Matar a vontade e condenar-se a morte, um imortal condenado a extinção, a consumação de sua existência. Enquanto se movia agilmente pela floresta, sentimentos de tristeza e raiva tomavam conta de sua mente, por milênios ele ficou escondido, não construiu nada, não foi nada, não lutou por nada.

Em pleno vôo ele decepou o lado direito do pescoço da jovem com uma vigorosa mordida, mas nenhuma gota de sangue caiu, ele se alimentava veloz mente, até que em poucos minutos a jovem se encontrava pálida, não gemia mais, estava estática e triste, com os olhos bem abertos, seus lábios perderam a cor rubra. Estava morta.

Após isso um grande evento se deu, do centro da floresta um clarão, seguido de uma onda de impacto, parecia que um grande objeto celeste havia caído. O responsável pelas poderosas ondas de impacto na realidade não vinha do céu, mas sim do solo, algo que dormia há milênios acordou, rompeu um casulo, as árvores eram facilmente removidas do chão quando o grande titã se elevava, era uma figura adorada e comumente vista nos templos. Era conhecido como a serpente com penas ¹.



Logo o guerreiro percebeu que uma caçada se iniciaria, e que provavelmente seu fim se aproximaria, pois o terrível caçador de caçadores era atraído pelo odor ² do sangue inocente, e muito sangue inocente se encontrava dentro dele agora.
A criatura se elevou do solo e com um poderoso som anunciou seu despertar, todas as pessoas que viviam por ali se prostraram no solo em adoração, era uma situação atípica, nenhum ser humano vivo já tinha presenciado ao fenômeno que era o despertar daquele titã.
Nesse momento o Incubus larga sua vitima no chão e corre em direção a seu refúgio, uma caverna, que para chegar tinha que atravessar uma grande piscina natural, que ele acreditava ser um obstáculo para o terrível caçador.



(1) Na cultura asteca essa figura tem o nome de Quetzalcoalt, que quer dizer serpente emplumada, fazendo referencia a ave Quetzal e Coalt a serpente, correspondia a divindade da vida, sendo que em seus cultos, os astecas, não cometiam o sacrifício de vidas humanas, era tido como a Serpente emplumada da guerra, pois caçou muitos Imcubus na presença dos seres humanos. Na realidade a criatura não possuía penas, mas sim escamas bastante longas, facilmente confundida com penas coloridas quando expostas ao sol. Conseguia voar com o auxílio de uma membrana, que ficava esticada entre seu corpo e dois grandes membros que se estendiam do dorso.

“Era um caçador terrível, nenhuma besta conseguia se esconder do enviado celeste, com certeza era um deus...”



(2) O Quetzalcoatl era atraído pelos feromônios liberados pelo organismo do Incubus após sua alimentação, por isso não podia ser enganado.

“A poderosa serpente emplumada, sabia sempre como encontrar sua presa, não havia momento ou lugar que a mesma era enganada pelas ardilosas criaturas que perseguia, as trevas sempre eram claras para ela...”