quinta-feira, 5 de julho de 2012

ALEXANDRIA - CAPÍTULO III - PARTE I


Muitas vezes, quando se pensa nos locais onde as tribos dos eslavos viveram, logo surge a imagem de terrenos brancos, cobertos pelo manto branco da neve, onde a água se dá na forma de pedras transparentes e com muitas pontas, logo se imagina rostos vermelhos queimados pelas rajadas frias e cortantes dos ventos que dançam entre os morros dos Pirineus e das florestas de pinheiros. Quando se pensa no povo, imagina-se pessoas fortes que não tem medo da morte pois lutam todos os dias pela sobrevivência.
Os Czares mandavam nesta região, eram os grandes Cesares do frio extremo, comandavam os destemidos e amendrontadores Cossacos. As cidades não eram tristes como os campos eslavos, possuiam muito vermelho da nobreza e o dourado do ouro, que as vezes acabavam ficando encobertos pela neve  que caia sem trégua por maior parte do tempo.
Uma cidade muito importante surgia com grande explendor logo a frente dos Pirineus,  sob o comando milenar de Czares, era uma grande honta viver nesse lugar, uma cidade que acreditava-se ser impossível de ser tomada, devido a grande necessidade dos invasores terem que conhecer a sazonalidade da região. A maior defesa da cidade num todo não era o exercito dos poderosos Cossacos, mas sim o frio, um guerreito invisível e extremamente indomável.
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Os Cavalos Cossacos eram as montarias mais fortes e confiáveis da região, andavam  na neve como se caminhassem e solo seco. Puxavam facilmente charretes e carruagens, por caminhos onde podia-se ver traços de rodas de bigas romanas de séculos anteriores, que ficaram de sicatrizes de um passado esquecido, onde os romanos lutaram muito para tentarem invadir o terreno gelado dos Pirineus.
Era o mês de outubro de 1784 e dentro de uma carruagem que cruzava a região da atual Ucrânia, um general francês se aventurava em busca de um tesouro que o Rei Sol havia pedido. Um tesouro raro, que muitos poucos sabiam de sua existência e que o próprio rei só teve conhecimento, devido a um achado importante de um historiador, que teve seu navio atacado por piratas holandêses.
Após uma feroz batalha naval, os dois navios, tanto o cargueiro quanto o corsário vieram a pique e esse historiador acabou por se tornar um naufrago, sendo levado até um pequeno arquipélago próximo das costas da ilha de Alba. Muitos destroços dos dois navios foram levados até o local onde ele se encontrava, vários baus lacrados com cadeados enferrujados se amontoaram  na praia. Buscando por comida e água ele estourou os lacres com pedras e descobriu cartas náuticas, ouro, garrafas de rum, pistolas e munição, além  de diversos mapas possuíndo estranhos símbolos. Como não se avistava nenhum navio no horizonte, o historiador começou a montar uma pequena cabana com os destroços dos cascos dos navios, como o tédio tomava conta quando ele não tinha que pescar ou coletar água da chuva, ele começou a ler os mapas e cartas náuticas. Ele então começou a perceber padrões nos símbolos, e a interpretação lógica veio em seguida. Passados três meses um navio de bandera portuguesa surgiu no horizonte, utilizando o ouro que tinha nos destroços, ele fez reflexos na direção da escuna e conseguiu chamar a atenção do imediato. Os marujos lusitanos cobraram a fortuna dos baus para que o naufrago subisse a bordo do navio, porém,  debaixo de suas vestes ele escondeu as cartas e mapas que estudara durante o tempo ocioso no arquipélago.
Ao aportarem  na Cidade do Porto o historiador nem mesmo procurou uma bodega para poder comer e beber, rapidamente correu em busca de uma carruagem que o levasse até Versales, pois o que ele tinha em mãos era algo que o Rei Sol iria se interessar muito.
Depois de mais alguns dias de viagem, o historiados retira as suas ultimas duas moedas de ouro, do tesouro pirata, e entrega ao cocheiro, pois ele já se encontrava próximo ao luxuoso palácio. Sujo, fedido, desarrumado, ele chega até o portão e diz uma frase ao soldado:
“ACORE CVE CIVM IS TORN!”
Este era o linguajar clássico da Torre dos Dez, uma língua morta antes do latim, conhecida como Carvm ou Garunês, que significa língua do sol. A frase foi passada ao historiador como senha para conseguir chamar o chefe da guarda palaciana. Somente pessoas iniciadas no meio tinha acesso ao linguajar. O que foi suficiente para o homem adentrar maltrapilho no palácio e conversar pessoalmente com o Rei.
O Rei Sol mandava em missão diversos historiadores pelo mundo, em busca de tesouros, que na realidade não se baseavam em ouro ou pedras preciosas, mas sim em artefatos especiais. Mas esse era o primeiro a retornar com algo de importância. Na realidade muitos dos historiadores ao descobrirem alguns artefatos, tinham uma crise de consciência, e não retornavam à França, pois sabiam dos desastres que estas descobertas trariam para o antigo mundo. Várias lendas os levavam em direção a lugares estranhos e distantes, mas esse historiador, que navegava em direção à América, somente esbarrou em algo de valor. E esse “algo de valor” indicava o local do verdadeiro tesouro.
Os mapas indicavam o caminho para uma grande arma, que se tornava humana de tempos em tempos, e que podia ditar os rumos da Europa. Segundo os alquimistas reais e os astronomos que mapearam todas cartas náuticas e celestes, o artefato encarnado em humano, se encontraria nas terras geladas dos Cossacos.