domingo, 23 de maio de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo IV - Parte V


Com sua couraça sombria, O senhor dos Mortos se senta em seu grande e macabro trono, as sombras o adorava, prostrando a seus pés, como um simples servo diante de seu grande suserano.
As armas de Hades se encontravam na cabeceira de seu trono, todas forjadas de sombras e penas de Anjos torturados nas catacumbas de Atlântida, muita dor essas proporcionaram durante anos, para muitos povos, conquistados pelos exércitos de guerreiros brancos¹ do Mundo Inferior. 

Muitos Sucubus chegavam neste dia, uma grande comemoração se criava no porto se Styx, muita comida tinha que estar na mesa dos grandes lordes, que vinham de várias regiões do mundo para vivenciar e apreciar o terrível e monstruoso artefato, que o maior de todos os Incubus, que habitavam fora de Atlântida, conseguira para sua magnanimidade.
Jovens trazidos aos montes na barca de Caronte eram deixados, adormecidos² no porto de Styx, lá diversos Incubus Vassalos, vinham buscá-los, carregados nos ombros ou em padiolas, todos adentrava os portões guardados por Cérberus.

Os Sucubus não eram colocados sobre mesas, ou seu sangue derramado em alguma jarra, eles eram levados até o colo dos convidados de Hades, depositados com cuidado, sem causar um sequer arranhão em seus jovens corpos. Os Incubus, com ares nobres inclinavam-se de forma um tanto quanto gentil, na direção dos pescoços de suas vítimas, e cravavam os dentes na veia mais grossa do pescoço de seus Sucubus. Um longo momento de gemidos se podia ouvir no grande salão do Mundo Inferior, após alguns instantes, sons de satisfação surgiam. Corpos nus, brancos como a neve, eram derrubados dos colos dos lordes, jogados ao chão com desprezo, algumas pilhas de corpos se criavam e eram engolidas pelas águas do Rio dos Mortos.

No outro dia, em meio às nuvens sulfurosas, criadas pelas entranhas da desembocadura do Styx, vindas do centro da terra, onde é provavelmente a melhor descrição do inferno. Vários corpos boiavam, todos completamente pálidos, com os rostos assustados e fixos, como se alguma coisa os tinha ferido dolorosamente, de uma forma contínua, de uma forma infernal e torturante.

Depois de verem tamanha atrocidade, muitos aldeões, pastores e mesmo guerreiros, fugiram da Arcádia, para não voltarem mais. Levando seus filhos, seus jovens, seus rebentos, para longe das bestas que estavam infestando a região. Muitos diziam que tudo isso aconteceu, depois que uma certa caixa, que muitos servos das sombras costumavam cochichar aos pais de jovens que seriam levados como novos Sucubus, havia sido aberta, e dentro dela uma terrível coisa se encontrava, uma coisa chamada Pandora.



(1) Os guerreiros eram chamados de brancos, pois como viviam no Mundo Inferior, e não tinham muita cota de sangue, pois eram Vassalos, suas peles eram mais claras que de muitos outros Incubus.

 
“Criaturas horrendas, terríveis como inverno, brancos como as neves do inverno, frios como o vento do inverno... Mas são os mais fumegantes e puros habitantes do inferno...”



(2) Os jovens chegavam ao Mundo Inferior adormecidos, pois Hades não admitia que uma criatura viva atravessasse os portões do inferno. Uma criatura adormecida, para Hades, não estava viva, pois seu espírito estava vagando pelo espaço-tempo, mas não desligado do corpo, sendo que se o mesmo fosse refletido no Styx, sua alma ficava aprisionada nas águas sulfurosas, dessa forma entregue de bom grado a Hades, que permitia a passagem. Os jovens eram raptados durante o sono, com o auxílio das trevas, os mesmos eram carregados pelos guerreiros brancos até o Styx, onde Caronte os esperava.


“ E Caronte vinha... jovens pendiam para fora da barca, mas não caiam nas águas... O reflexo era cativante, tão cativante quanto a cicuta, tão tentador quanto a luxuria que era uma das chaves para livre passagem pelo Styx... E Caronte voltava...”

HADES


Eis Hades, O Senhor dos Mortos... No meio da escuridão do Mundo Inferior, sentado em seu trono e trajado com sua armadura de sombras, ele observa as almas que são levadas até ele pelo Styx. Ele observa aqueles que serão o alimento das sombras, ele observa o sacrifício em seu nome... Ele se satisfaz com isso...