quinta-feira, 15 de julho de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo V - Parte IV


Voltando para sua tribo, agora com a preciosidade escrita, contando todas as coisas que viu, o guerreiro entrega o rolo de papiro ao ancião chefe. Ao desenrolar, esperando encontrar diversas formas de sabedoria, o velho se depara com apenas uma narrativa da jornada do jovem.
Enfezado o velho joga o papiro no chão, cobrando uma explicação do jovem cansado, que retornara do deserto. Olhando sem medo o jovem retira de dentro de sua bolsa um pedaço de tecido enrolado, um tecido tão branco, que era passível de adoração.

Desenrolando o tecido o velho encontrou um besouro enorme, do tamanho da palma de um homem, azul escuro e verde, brilhante com adornos em dourado. Em princípio o ancião não entendeu, mas logo ele se lembrou de uma professia antiga que contava que o deus falcão se esconderia na forma de um besouro, então ele o colocou em um lugar de destaque, em um lugar onde ordenou que se construísse um templo, que ficasse virado para os quatro cantos do deserto, pois o olho do grande deus via tudo, um templo em forma de pirâmide.
O jovem começou a falar sobre o que viu e o velho balançava a cabeça positivamente, contou tudo o que o grande guerreiro alado lhe ordenara, contou sobre o deus dos bandidos do deserto, que devia ser destruído junto com seus seguidores, que agora eram criaturas da noite e não mais homens.

Quando os ladrões do deserto chegaram perto do corpo desfalecido do guerreiro incubus caído na grande batalha que havia se dado há algumas semanas, os mesmos se espantaram com a poderosa armadura do guerreiro, nunca tinham imaginado que algo como aquilo poderia existir. A poderosa espada de sombras caída ao chão era de um metal que não brilhava com a luz do sol, mas quando chegou a noite, a mesma ganhava um poderoso brilho ao luar. Como se estivesse hipnotizado pela beleza da lâmina um dos ladrões se apossou da lâmina e a experimentou em um de seus comparssas. A lâmina embebida com o sangue do mortal reviveu o dono da poderosa espada. 

Mas mesmo ressucitado o incubus, não tinha força para enfrentar o guerreiro aviano. Por isso exigiu dos homens do deserto que construíssem um sarcófago, para que ele podesse ser protegido do sol e alimentado de sangue dos mesmos sem ter que sair de seu leito.
Por motivos parecidos o aviano exigiu de seus súditos, os mesmos protegessem seu corpo, e para ficar mais seguro, ele hibernou na forma de um besouro¹ .
Após alguns anos o templo estava pronto e um grande silêncio da parte dos homens do deserto se deu por todo esse período, os ladrões haviam desaparecido das areias do deserto. Mas uma grande sombra se criava no horizonte do deserto.


(1) O Aviano hibernou na forma de um besouro, mais precisamente um escaravelho, pois esse era um inseto muito comum na região, que se alimentava dos mortos e desprezado pelos homens do deserto.

“Os insetos mais desprezados do deserto se tornaram o símbolo do grande deus, que libertaria as vítimas dos assassinos...”