segunda-feira, 31 de maio de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo V - Parte I

E naquela manhã ensolarada, com o céu extremamente azul, o vento vindo do leste fazia com que as areias do deserto rodopiassem em um interminável cone amarelado. Mas isso era corriqueiro, ninguém que morava naquela região se exaltava com essa obra da natureza, somente procuravam abrigo, para que não fossem sufocados pelas saraivadas de areia.

Ao longo daquele grande rio, uma comunidade se erguia ¹, não possuíam grande tecnologia bélica, mas possuíam muito orgulho de que eram. Estes seriam os agraciados pela benção que logo chegaria, se é que se pode chamar de graça, os eventos que se seguirão.

As areias continuavam a girar, ignorando qualquer ser vivo que estivesse por perto, ela girava violentamente, mas de uma forma graciosa, demonstrando tamanho poder, passível a adoração. Mas junto ao vento do leste, algo se aproximava, de uma forma rápida e violenta.
Caiu do céu e derrapou pelas areias, e uma grande nuvem de poeira se fez, os habitantes, que se encontravam na beira do grande rio, logo ficaram em alerta e pararam de colher seus alimentos do regadio.

O chão tremeu, e uma onda de impacto se deu, alguns homens e mulheres vieram ao solo. Várias outras ondas de impacto aconteceram. Os mais fortes da tribo, não somente pela suas próprias curiosidades, mas com a finalidade de cessar a curiosidade de todos, se armaram com suas lanças de madeira e correram em direção à poeira, que se estendia pelo horizonte próximo.

Chegando próximo da região os guerreiros orgulhosos, se deparam com um grande sulco na areia, um grande sulco em chamas, fazendo as rochas abaixo da areia aparecerem e queimar, queimarem de uma forma inesperada para aqueles homens. Logo a frente uma grande duna tinha se formado, parecia que toda a areia de alguns quilômetros haviam se levantado e se acumulado em um único lugar. Parecia a obra de um deus.

De repente a duna começou a ficar com as costas de seu pico um tanto quanto diferente, parecia que estava entrando em chamas. Então um círculo em chamas surgiu, e uma grande explosão se deu, algo havia transposto a duna, com muita violência e velocidade, a ponto da areia entrar em chamas e derreter.
Era assustador ver a força que se mostrava à frente, mas no céu, uma figura apareceu de forma gloriosa, segurando uma grande lâmina, lembrava os falcões que habitavam o deserto, mas era enorme, era o Senhor dos Falcões.

Mas o que havia transposto a duna retornava em direção ao poderoso Senhor dos Falcões, com extrema violência e velocidade. Ele vinha montado em uma grande ave negra ², e também possuía uma lâmina, mas parecia já muito machucado, provavelmente era seu derradeiro ataque.

Aproximando-se da criatura gloriosa, ele apontava a lâmina em sua direção e com um movimento rápido, fez com que ela se movesse do lado lesto para o oeste. Com uma esquiva veloz o Senhor dos Falcões escapa pelo lado, conseguindo se aproximar do flanco esquerdo da grande besta voadora. Mas, ele com um golpe de cima para baixo, decepa a cabeça da criatura, fazendo com que a mesma e seu condutor caíssem do céu como uma estrela morta.

Novamente caindo no chão, mas agora com sua montaria morta, a criatura, que trajava uma couraça negra, não deixando amostra nenhuma parte de seu corpo, se vê caído na base da duna, que aos poucos estava escorregando e o cobrindo. Ele não tinha mais forças para se levantar, muito menos para lutar.

O glorioso Senhor dos Falcões desce dos céus, aterrissando em frente a seu oponente caído, mas ainda com vida. Agora, com menos efeito do sol nas vistas, aqueles homens deslumbraram a armadura prateada que refletia em diversos raios a luz forte do sol, as poderosas asas brancas e a túnica carmim daquele, que eles subentendiam como um grande e poderoso deus.

Sem mais demora, ele beijou a lâmina, a ergueu a cima de seu elmo brilhante, e a deixou cair no pescoço de seu oponente. Não foi visto sangue jorrar, somente uma pele alva, como um fantasma.
Após isso ele moveu de cima para baixo, com muita foca as suas asas, elevando-se acima da enorme duna e desapareceu no céu.



(1) Esta comunidade era conhecida como Nomos, que se estendiam ao longo do leito do Nilo, viviam da agricultura de regadio. Foram os precursores da civilização egípcia.

“E o grande e glorioso Senhor dos Falcões, trouxe a esperança a aquele povo, que tinha medo de se tornar escravos dos nômades do deserto... Nada que uma boa dose de poder, para encher de coragem o coração dos covardes...”

(2) Esta era uma criatura muito parecida com o Quetzalcoatl, só que menor, e não era uma grande serpente, mas sim uma ave, conhecida na mitologia como Aves Estinfalidas (Possuem este nome, pois habitavam um pântano banhado pelo Styx, Essas aves foram trazidas de Atlântida e introduzidas neste local, pois viviam em um lugar muito parecido na ilha). Diferente dos Quetzalcoatl que possuíam espigões de prata, essas Aves Estinfálidas possuíam garras, penas e bico de bronze, atacando seus oponentes, com saraivadas de penas.

“Criaturas horrendas eram essas aves, demônios que serviam de montaria para outros demônios... Era óbvio que viviriam no Styx...”