segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Arco-íris

Havia o tempo
E o tempo havia-me
Mas não me havia o tempo
Que via o tempo que há em mim:
E o gosto esmaeceu lisérgico, como o despertar de um sonho lúcido.

A saudades...sim, há saudades, mas quando não há, morremos
E finda-se o tempo que não via de haver em mim
Quando há, também morremos, mas venenosamente doce
Prefiro morrer das nossas dores, a sofrer pelo que foi
Outrora inerte ao que não foi.
Santos ponteiros que não me deixam parar,
Mas quando ando pareço junto
E quando deito sei que sou só

O tempo métrico me escapa na poesia.
Nela posso reordenar os sonhos
Como se na linearidade dos meus dissabores
Reside-se a felicidade de um compositor
Nas incertezas que esganam e angustiam
Mora o impulso da alma vazia
Que não encontra abrigo
Para ser radiante.

Desses intermeios do meu latifúndio
Aprendi socrático que nenhum conhecimento é fundo
Que caiba ao mundo uma certeza firme
No amarelo que sonhamos esmaeço novamente
Irremediavelmente viceral
Abando-me ao ver-te
Podendo ser-te sem ter a mim


Verbal Kahn