sábado, 13 de março de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo IV - Parte II

Aquela noite estava escura, triste e sombria; muitas criaturas estranhas corriam por entre as trevas, se escondendo nos veios das rochas daquela região. Ao fundo o som do mar, barulho de ondas, trovões também eram ouvidos, timidamente a uma grande distancia daquela praia.

Da grande fenda da caverna, escorrendo na areia, um líquido grosso e escuro jorrava, e um lamento podia ser ouvido, um lamento por tê-lo perdido, por não tê-lo consumido, por ter sido tão desatento.

Vários corpos se encontravam na caverna, vários homens mortos, varias histórias de vida, agora perdidas e provavelmente esquecidas. No centro da mesma caverna uma grande arca se encontrava, fechada com um poderoso cadeado, de um metal negro, ornado com pedras vermelhas.

Ali perto, sentado na areia, já não mais blasfemando pelo desatento que teve, uma figura sinistra, agora gargalhava, expondo grandes caninos e um olhar medonho. Ele era o capitão, ele era o assassino, ele era quem trazia a arca da morte. Era o emissário do apocalipse.

No meio das gargalhadas, muitas vezes podiam ser ouvidas homenagens, honrarias e palavras de afeto, ao grande senhor Baal. O capitão não passava de mais um reles servo, de um grande Incubus Suserano.

Ele olhava para a caixa e por alguns instantes sua gargalhada era cessada, parecendo que um grande temor e respeito o mesmo tinha pela arca. Talvez ele também não sabia o que tinha lá dentro. Ele não demonstrava vontade em abrir a arca. Era um grande servo, fiel ao seu mestre, como ninguém havia sido até hoje.

A possibilidade de um glorioso prêmio passava por sua cabeça, um grande sabor doce tomava conta de seu paladar, tão doce quanto o sangue de uma criança, tão poderoso quanto o sangue de um herói.

Por alguns instantes, um sentimento de traição também tomava conta de sua mente, nesse instante ele não se sentia mais tão fiel a Baal como antes. O grande senhor, realmente, iria o recompensar. Seria possível que e mesmo o matar após entregar a arca.

Nesse instante ele não sabia o que fazer, se removeria a arca da caverna ou se a manteria lá; afinal de contas tanto ele quanto Baal teriam uma eternidade pela frente. Havia a possibilidade do conteúdo da grande caixa ser inestimável; agora sua vontade de violar o lacre aumentou de tal forma a fazer com que o mesmo se posse de pé dentro da caverna.



(1) Baal era um deus pagão extremamente violento, exigindo rituais de sacrifício para ser ouvido.

“E ele exigiu o mais valioso... o mais inviável possível... ele exigiu seu sopro de vida...”


(2) Dentro da mitologia, muitas vezes é trazida a imagem de um grande segredo guardado em algum lugar extremamente inviolável. Os Incubus se utilizavam arcas com lacres de sombra materializada para guardar seus segredos mais valiosos.

“Aquele era o sinal, aquele era o lacre, aquele era o invólucro do apocalipse...”