sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Papirus Alenxandrinus - Capítulo I - Parte III

Agora, sentado em seu trono, com caveiras, espadas, escudos, lanças e estandartes de povos distintos e antigos, ele se lembra das batalhas que participou, como aquelas na Babilônia, onde lutando ao lado de seus irmãos ele era adorado como um deus. Com a armadura característica dos guerreiros atlantis e coberto por vestes tão negras quanto a noite ele orientava os seus sucubus no campo de batalha, usando as táticas milenares do seu povo, dessa forma destruindo os exércitos inimigos.

Aqueles homens inferiores das terras vizinhas¹ sucumbiam nas mãos desse guerreiro, no meio dos planaltos desérticos, entre a poeira do campo de batalha, o lenço que cobria sua boca diversas vezes era removido, e um suntuoso banquete de sangue se dava, corpos eram deixados no chão e junto com os Medos² ele conquistava novas terras. Esses foram tempos de fartura, tempos em que simples homens escolhiam para sua vida, serem sucubos dos deuses. Como esquecer esses tempos, como não querer voltar em épocas tão doces como estas, como não lembrar com saudade dos banhos de sangue, como não querer estar novamente nas portas do céu³.

Quantos momentos felizes se passavam na cabeça desta criatura mórbida, quantas situações grotescas para qualquer ser humano, para ele possuía a mais simples beleza e sentido de poder e direito, sobre seus governados. Mas na realidade estas passagens felizes eram apenas lembranças não vividas pelo mesmo, sendo apenas o legado deixado pelos seus pais, histórias que ele aceitou como suas, uma vez que ele é a continuação da vida de seus progenitores, uma vez que por direito ele também deveria ser adorado e consagrado imperador, dessas réles criaturas que se tornaram mais violentas, desonestas e traiçoeiras, que qualquer um de seu povo.



(1) As terras vizinhas eram habitadas pelos Assírios, um povo tão guerreiro quanto os babilônicos, que por muitos anos lutaram para conseguir dominar a Babilônia, grande centro comercial. Fato este explicitado nos pergaminhos de Alexandria:

“Todos os povos vizinhos acabaram sendo inferiorizados, tamanha a potência comercial que a Babilônia se tornou após começarem a adorar os Incubus, pois esses os ensinaram o segredo das navegações e dos escambos e negociações.”



(2) Medos era um dos nomes dos Babilônicos, devido a participação massiva de um povo com o mesmo nome nas batalhas.

“Quando os Medos eram avistados no horizonte sabia-se que a morte estava chegando...”.


(3) Em babilônico a palavra Babilônia queria dizer Porta de Deus.

“Nas portas do céu se podiam ver as faces de diversos deuses, se alimentando de seus escravos, julgando as almas a sua vontade... Nas portas do céu se podiam ver as faces de diversos deuses se alimentando de seus servos fieis, garantindo-lhes seu sentido de vida”.