domingo, 8 de abril de 2012

ALEXANDRIA - CAPÍTULO II - PARTE VIII


Macula era esperto e sabia que não era o único a passar por aquele túnel nesse dia, pois conseguia ver o calor de um segundo rastro de pegadas, na época não se sabia que o calor estava vinculado a uma cor que os olhos dos humanos não podiam ver, mas como Macula tinha grandes faculdades visuais ele conseguia ver o infravermelho e então deduzir a presença de um estranho.
O homem encapuzado caminhava na frente, falava umas palavras, num dialeto que não era parecido com o linguajar lusitano, mais parecia uma variação de uma forma arcaica de eslavo, provavelmente um dialeto extinto. Conforme se adentrava o tunel, umas tochas começavam a aparecer e mostrar uns afrescos nas paredes, aquilo mostrava que a construção era antiga. Mais uns minutos andando e um grande salão aparece, ornamentado com diversos quadros, de pessoas com imponência aristocrática, na parede central havia três quadros em destaque, nos mesmo três homens austeros, o primeiro ilustrava um homem com barbas longas segurando uma faca com uma serpente enrolada, o segundo quadro ilustrava um homem com tapa-olho negro e um chapéu alto e o outro quadro ilustrava um homem mais velho, com barba branca segurando um cajado e um cachimbo. Macula observava tudo sem questionar o encapuzado.
- Este é um dos salões mais importantes de toda a Europa, aqui várias guerras e o rumo da história foi escrito em sangue e tinta. Contemple a casa da Ordem Ladina... O Salão da lendária Irmandade dos Ladrões. Diz o encapuzado.
- Por que me chamou aqui? Pergunta Macula.
O homem então passa a mão no capuz e revela seu rosto. Era um homem com cavanhaque preto, mas com os cabelos, não tão curtos e nem tão longos mas já grizalhos. Seus olhos eram de um azul assustador, um azul que diferente, que não trazia paz, mas que sim, causava medo e respeito em quem o olhace direto. Mesmo Macula, considerado um imortal pelos leigos, se sentiu incomodado com os olhos penetrantes daquele homem.
- Quero revelar o sentido de sua existência, quero que entenda o verdadeiro significado de seu talento.
- Muito bem, mas antes sejamos honestos. Diz macula:
- Diga-me quem é você e o que tem a me oferecer, pois não cruzei a Europa para vir até aqui e andar por um túnel e vi conhecer um salão com quadros de pessoas estranhas.
- Meu nome é ? Diz o estranho homem, dando uma gargalhada debochada.
- Faz tempo que alguém não pergunta meu nome, pois bem, uns me chamam de Sebastião, outros de Sebah, outros de Sebastian e até de Bastian. Escolha um!
Macula o encara com disconfiança e fala:
-Onde está o outro convidado, eu sei que tem mais alguém aqui!
- Parabéns sua capacidade de observação é realmente fenomenal, não acreditava que seria capaz de perceber a presença de meu outro convidado.
- E não só percebi sua presença, como sei quem é!
- Pois bem! Ordene que ele apareça então.
- Não preciso ordenar, desde que entrei aqui eu já o via. E continuou:
- Eu posso te ver, assassino de minha presa, assassino do imperador da Romênia!
Nesse momento som de palmas surge no grande salão, vindo em direção a Macula e Bastian.
-Não existe ninguém no mundo que seja capaz de me ver quando estou invisivel, mas todas as vezes que a gente se encontra, eu me surpreendo com você.
Bastian fala então:
-Fique visível meu caro, pois eu não sou como Macula, sou um simples mortal. Dizendo isso com um sorrizo de desdem nos lábios.
-Você diz que sou o assassino de sua presa, mas não esqueça que você me tirou a glória da França.
O Fantasma reaparece e então os três homens podem olhar diretamente um para o olho do outro.
-Não sei se vocês perceberam, mas um é o contrapeso do outro. Diz Bastian para a surpresa dos dois.
- Como assim? Pergunta o Fantasma e continua:
- Eu sou o profetizado, não tenho um contrapeso!
- Muito menos eu! Diz Macula, já passando a mão sobre o cabo de sua espada.
Bastian então vira para os três quadros em destaque, e começa a contar uma história.