segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Papirus Alenxandrinus - Capítulo I - Parte IV

Ainda sentado em seu trono, com os diversos crânios aos seus pés, uma gigantesca sede lhe toma conta. Lembranças tão doces, mesmo que ele não tenha vivido, que somente foram expostas a sua consciência e aceitas pelo seu estático coração, a figura sombria que observamos, toma coragem de quebrar as regras que esta imposto, uma vez que toda a sua imortalidade está posta em questão. Se ele ficar esperando sua pena de exílio¹ acabar, com certeza, quando sair novamente para as caçadas estará tão fraco que não conseguira fazer nada, sua imortalidade acaba se tornado no fim das contas uma pena de morte.
Com os restos de energia que tem, ele se levanta, cobre-se com a vestimenta de pele de lobo, põe seu elmo desgastado, pega suas antigas amigas de metal e colocando-as em bainhas de couro adornadas com prata se sente vivo.
Mais uma vez a coragem retorna ao seu corpo, mais uma vez ele marcha na direção daquele povoado que durante séculos atrás, ele assombrou, estripando e se alimentado do sangue dos jovens².
Nenhum outro de sua espécie rondava a região por décadas, então com certeza a temida besta podia voltar a aterrorizar sem esperar retaliações, fato esse que no dado momento poderia causar o fim da sua imortalidade, pois a fraqueza ainda tomaria conta de seu corpo por algumas semanas.
Movido pela grande vontade de matar sua fome e beber do tão precioso líquido, que aqueles simplórios selvagens carregavam dentro de suas veias, a terrível criatura corre pela floresta, como uma alma penada, oriunda de um túmulo esquecido e amaldiçoado pelas gaitas de fole de diversos guerreiros caídos. A alegria começa a tomar conta novamente de sua alva face, a lua banha sua pele com seu brilho prata quando ele sai do aconchego das arvores e adentra em uma grande clareira. Logo a frente, um grande monólito possuindo escritas rúnicas druidas, adverte a aqueles que pensam em continuar o caminho em direção a floresta, que algo maligno dorme lá e que faz uns 150 anos que esta dormindo, sendo que se este for acordado, o início de tempos sombrios chegarão, por isso o causador de tamanha desgraça já esta amaldiçoado só por entrar na floresta. Nas escrituras também estava a advertência de que no lado leste da floresta se encontrava um posto avançado, e os guardas rondam a região, evitando a entrada de estranhos.
A criatura olha para tudo isso e sorri, pois percebe que és importante, todas estas advertências, somente por sua causa. A felicidade torna-se maior ainda, uma vez que por causa das batalhas que vem ocorrendo na região, os guardas não estão mais por lá.
Quando havia guerras, as mulheres e as crianças eram levadas para lugares secretos, perto da floresta, umas espécies de tocas, em uma região meio rochosa e ladeada por um lago escuro e fundo. Ali se tornara seu destino e ainda esta noite todo a sua fome teria fim.


(1) O exílio era uma pena atlanti pesadíssima para aqueles cidadãos que cometeram o crime de sucubação para com um outro cidadão de Atlântida. Relatos nos papiros dizem que em certos momentos a maldade e a briga por poder desses seres era tão grande, que um entrava nos aposentos do outro, enquanto esse se encontrava indefeso, ou seja se alimentando, o dominava e se alimentava do mesmo. Depois fazia o mesmo com todo o harém do antigo Incubus.

“Tão grotesco quanto uma criatura sombria se alimentar do sopro vital de um homem é observar os mesmos cometendo canibalismo”

(2) Os jovens eram sem dúvida os prediletos desses seres, devido a toda a sua vitalidade e saúde, quanto mais jovem melhor, quanto mais jovem mais saudável, segundo as antigas crenças. Como já foi mostrado anteriormente a maior fonte de jovens para os Atlantis foi a Grécia.

“Jovens saudáveis, jovens sãos, jovens espertos, jovens graciosos, como não dizer que são apetitosos, como evitar a eles um destino tão belo quanto de servir de alimento”

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Papirus Alenxandrinus - Capítulo I - Parte III

Agora, sentado em seu trono, com caveiras, espadas, escudos, lanças e estandartes de povos distintos e antigos, ele se lembra das batalhas que participou, como aquelas na Babilônia, onde lutando ao lado de seus irmãos ele era adorado como um deus. Com a armadura característica dos guerreiros atlantis e coberto por vestes tão negras quanto a noite ele orientava os seus sucubus no campo de batalha, usando as táticas milenares do seu povo, dessa forma destruindo os exércitos inimigos.

Aqueles homens inferiores das terras vizinhas¹ sucumbiam nas mãos desse guerreiro, no meio dos planaltos desérticos, entre a poeira do campo de batalha, o lenço que cobria sua boca diversas vezes era removido, e um suntuoso banquete de sangue se dava, corpos eram deixados no chão e junto com os Medos² ele conquistava novas terras. Esses foram tempos de fartura, tempos em que simples homens escolhiam para sua vida, serem sucubos dos deuses. Como esquecer esses tempos, como não querer voltar em épocas tão doces como estas, como não lembrar com saudade dos banhos de sangue, como não querer estar novamente nas portas do céu³.

Quantos momentos felizes se passavam na cabeça desta criatura mórbida, quantas situações grotescas para qualquer ser humano, para ele possuía a mais simples beleza e sentido de poder e direito, sobre seus governados. Mas na realidade estas passagens felizes eram apenas lembranças não vividas pelo mesmo, sendo apenas o legado deixado pelos seus pais, histórias que ele aceitou como suas, uma vez que ele é a continuação da vida de seus progenitores, uma vez que por direito ele também deveria ser adorado e consagrado imperador, dessas réles criaturas que se tornaram mais violentas, desonestas e traiçoeiras, que qualquer um de seu povo.



(1) As terras vizinhas eram habitadas pelos Assírios, um povo tão guerreiro quanto os babilônicos, que por muitos anos lutaram para conseguir dominar a Babilônia, grande centro comercial. Fato este explicitado nos pergaminhos de Alexandria:

“Todos os povos vizinhos acabaram sendo inferiorizados, tamanha a potência comercial que a Babilônia se tornou após começarem a adorar os Incubus, pois esses os ensinaram o segredo das navegações e dos escambos e negociações.”



(2) Medos era um dos nomes dos Babilônicos, devido a participação massiva de um povo com o mesmo nome nas batalhas.

“Quando os Medos eram avistados no horizonte sabia-se que a morte estava chegando...”.


(3) Em babilônico a palavra Babilônia queria dizer Porta de Deus.

“Nas portas do céu se podiam ver as faces de diversos deuses, se alimentando de seus escravos, julgando as almas a sua vontade... Nas portas do céu se podiam ver as faces de diversos deuses se alimentando de seus servos fieis, garantindo-lhes seu sentido de vida”.