quinta-feira, 18 de abril de 2013

ALEXANDRIA - CAPÍTULO III - PARTE X

Andando junto ao menino pelo grande salão do palácio, o Vernaculista se dirige até uma parede com uma porta enorme, toda de metal, rodeada por um batente robusto que parecia ser indestrutível.
O Vernaculista olha para baixo e fala na língua nativa do garoto :
- Menino, seu novo lar se encontra atrás dessa porta cofre.
O menino olha com um ar choroso para o homem magro e então fala:
- Não tenho medo! Já sou um homem!
- Muito bem! Diz o Vernaculista.

O Homem então puxa uma corrente, e um som de sino toca, logo um homem por tráz da porta pergunta.
- HV ERH?
E o Vernaculista responde:
- ACORE CVE CIVM IS TORN!
Então um estalo metálico e sons de correntes começam a surgir, um balançar abaixo das solas dos pés surge com o movimento da grande porta se abrindo sozinha. Alí era uma das entradas para o berço da Máquina do Diabo.
Enquanto a porta se abria o homem olha para o menino e diz:
- Se um dia te perguntarem onde viveu, diga que morou na cova do Juggernault.

A pesada porta se abre e um soldado aparece com uma tocha, ele faz um sinal para adentrar no estranho túnel escuro.
- Sigam sempre em frente. Diz o soldado.
O caminho era longo, e diversos portões com grades eram muitas vezes iluminados pelo caminho, não dava para ver o que havia no interior, mas pareciam locais pequenos e tenebrosos.
- Garoto! Não fixe seus olhos no interior desses portões! Puxando com força o braço do menino.

Aqueles era calabouços, lugares onde muitos sofreram torturados pelos generais do Imperador, em busca de respostas sobre possíveis grupos que queriam derrubar a monarquia. Também muitos que possuiam posição para se tornarem importantes aos olhos da Torre dos Dez dentro da França, morreram ali.
A maior preocupação do Vernaculista não era em poupar o menino de ver uma imagem forte pois se preocupava com ele, mas sim, pois queria evitar um choque ou susto muito grande. Ele sabia que isso poderia travar a sua habilidade, causar uma paralisia permanente em sua mente prodigiosa.

Porém esse era o primeiro teste que o menino seria submetido, o Vernaculista sempre apostava alto, e estava apostando na força de vontade e coragem do menino em não se assustar e obedecer suas ordens. Ele queria ver o quanto o garoto estava preparado.

Ao longo do caminho nenhum dos dois soltou mais uma única palavra e somente o som dos passos podiam ser ouvidos, até que o som de um pancadas, vozes e arrastares começou a surgir, juntamente com uma luz amarelada. Estavam eles chegando ao fim do túnel, culminando em uma grande cúpula, onde o Juggernault repousava e diversos homens trabalhavam, malhando ferro, preparando pólvora e empurrando carrinhos com diversos materiais estranhos. Aquele lugar além de ser o berço da Máquina do Diabo, também era o centro nervoso bélico do exército francês.

Um homem vestido com roupas de soldado de primeira classe ou guarda pessoal do imperador recebe os dois e diz em francês:
- Vou cuidar do prodígio, amanhã mesmo iniciamos seu treino.
- Está certo! Mostre os alojamentos a ele.
- Sim senhor. Diz o soldado ao Vernaculista, fazendo um gesto, juntado os pés e batendo a mão na perna esquerda.

O menino logo percebe que o Vernaculista não era um qualquer, e que somente o imperador o via diferente dos demais, que o respeitavam como um grande chefe. 

Uma grande área, cheia de portas se estendia ao lado da enorme oficina de armas, eram diversos quartos, uma para cada homem que trabalhava ali, e não diferente dos demais, esse soldado também tinha o dele. 
Falando em Ucrâniano ele se dirige ao menino:
- Qual seu nome?
- Mikháilo. Responde o garoto.
- Muito bem Mikháilo, você irá viver comigo, e amanhã começamos sua nova vida!
Então ele abre a porta do quarto pega uma vassoura e diz:
- Comece a limpar o chão onde você irá dormir! Você não gosta de dormir na sujeira não é verdade?