sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Papirus Alenxandrinus - Capítuo II - Parte III

15 de março de 44 a.C
O imperador corria entre as pilastras de mármore, majestosas e aterradoras, sombras o perseguia junto de uma triste luz amarelada, não o brilho do sol nascente, mas sim das tochas dos traidores.

A sua frente se encontrava as grandes portas do Senado, mas quando se aproximava, uma silhueta conhecida apareceu, um calafrio percorreu sua espinha. Nesse momento César para, olha ao redor e vê seus soldados cruzando as lanças, de uma forma como se evitassem sua passagem para qualquer lado, ele estava cercado, por rostos conhecidos, por muitos que lutaram anos ao seu lado, mas que demonstram agora não serem os amigos leais que o mesmo pensara ter em passado bem recente.

O homem parado na frente das portas do Senado, com um sinal de mãos chama César para dentro do recinto, o mesmo empurra a pesada porta e o imperador, agora com um ar triste, não mais temeroso, mas sim extremamente triste, caminha alguns metros sob o belo piso romano e entra no Senado, as portas são fechadas lentamente, e por entre o vão, por alguns segundos pode-se ver o imperador romano andando na direção do centro do grande salão, lá no centro via-se preparada uma grande mesa.

As portas estavam fechadas, o Senado era agora um grande salão escuro e César era um ponto branco no centro do mesmo. Por um instante o imperador achou ter visto olhos brilhando logo a sua frente, mas não havia nada lá, as únicas pessoas dentro do recinto era César, um homem de silhueta conhecida e dois guardas, sendo estes três localizados atrás do mesmo.

Ajoelhando ao chão, o imperador abriu os braços, os dois guardas se aproximaram e o levantaram bruscamente, César chorava, pois sabia seu destino, os soldados o conduziram até a grande mesa, lá amarraram seus braços e pernas à mesma. Após isso os dois guardas saíram de perto da mesa, caminhando em direção às suas posições originarias, pois agora o outro homem se aproximava do imperador amarrado.

A mesa era uma espécie de altar ¹, onde as pontas eram curvadas para dentro, lembrando muito um grande prato, das bordas inferiores canudos de madeira saiam, sendo que logo abaixo dos mesmos se notava duas grandes ânforas, com temas assimétricos e geométricos por toda a sua curvatura. César estava amarrado, indefeso e triste.

Um pedaço de maçã foi posto em sua boca e uma tira de pano serviu de mordaça, sua voz tinha sido suprimida. Ninguém poderia ouvir as ultimas frases do imperador ².

O homem se curvou perto do ouvido de César, como se fosse lhe contar um segredo, nesse momento os guardas que lá se encontravam notaram um espasmo no corpo amarrado do imperador. Após isso o homem se aproximou com a cabeça das mão e pés de César, com se estivesse beijando-os, mas a única reação que se pode ver, foram espasmos do imperador sobre a mesa.

Após isso o homem ficou de pé, em frente da grande mesa e alguns minutos depois chegou até as ânforas, verteu-as na boca, agora logo a sua frente se encontrava um cadáver. César estava morto.


(1) Esta mesa é relata no Papirus Alexandrinus, como um instrumento de sacrifício utilizado por muitos séculos, por diversas culturas que serviram aos propósitos dos Incubus. Este altar era conhecido como Cama de Vida, pois os guerreiros ou pessoas mais influentes de uma determinada sociedade eram mortos e seu sangue consumido de uma só vez, garantindo ao Incubus Mor deste, um grande status entre seus Sucubus, os Sucubus de seus Vassalus (Incubus com colocações inferiores na sociedade atlântica) e entre os próprios Vassalus. Verter uma ânfora com sangue de um outro senhor era algo raro, e trazia muito poder a quem o fazia. Não era permitido se utilizar da Cama de Vida a qualquer hora, necessariamente deveria ser uma noite de lua cheia. O altar possuía este nome, pois quem era sacrificado, doava toda a sua força e vida para o Incubus Mor. Quando um Incubus se alimentava de todo o sangue de um ser humano, ele podia ficar até dez anos sem ter a necessidade de novamente se alimentar, a periodicidade em alimentar-se, garantia maiores sentidos e força sobrenatural aos mesmos.

“Daquela terrível mesa muitas ânforas foram vertidas, muitos bravos, imperadores, pessoas influentes doaram sua vida, foram privados da mesma, assassinados, violados, humilhados. Seu sagrado sangue não passou de alimento de aberrações”



(2) A famosa frase “Até tu Brutus!” creditada a César, foi adicionada aos anais da história, como uma conseqüência do ato, e não como algo que realmente saiu e foi escutado da boca do imperador.

“César estava amordaçado, ali ele entregou sua vida, naquele momento ele sabia que não tinha mais porque lutar, tudo estava acabado, seu silêncio ecoou por toda Roma, e o traidor foi reconhecido.”