segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Papirus Alexandrinus - Capítulo VI - Parte IV

Planando sobre os vales, onde um grande arrozal estava crescendo, o aviano observa o movimento das pessoas, cuidando daquilo que é a fonte de alimento e força para elas. Ele reflete como todos os seres são presos a uma determinada forma de nutrição. Os Incubus escravos do sangue, os animais irracionais e os homens de plantas e carne e os Avianos da luz solar.

Ele estava cansado de caçar os perversos Incubus, que em tudo que tocavam transformavam em sombras, destruição e morte. Então ele pousa sobre uma colina, fecha as imponentes asas e observa o sol poente. Pela primeira vez em sua existência, ele não observa o sol como o provedor de suas forças, mas sim como um bem da natureza, que pertencia a todas as formas justas de vida.

Ele começa a devaneiar, lembrando das altas e douradas torres de sua terra natal, que ficava no gélido norte¹, lembrava da extenção do grande império e das guerras que havia participado. Não se orgulhava do fato de riscar do mapa grandes aglomerações de Incubus, mas sim no ato de garantir a muitos homens o privilégio de continuarem a viver.

Esse guerreiro calejado, não mais queria pelejar, gostaria de ficar naquele lugar, imóvel, recebendo a luz do sol na face e sonhando com o tempo em que o mal fosse expurgado dos domínios do império. Quantos Avianos não teriam sido polpados se aquela maldita doença não tivesse aparecido nos tempos remotos².

Se a doença não tivesse surgido, não haveria necessidade dos Avianos pegarem os doentes e leva-los para aquela ilha prisão. O Império Sombrio jamais teria sido criado e seus seguidores não teriam invadido a terra pura, e com isso a ilha prisão não teria sido afundada pelos Artefatos do Julgamento Celestiano³.

(1) Aqueles que eram denominados Avianos, eram os que moravam próximo ao Polo Norte, nos paredões gelados da Sibéria, na atual Rússia, chegando até a Groelândia, Alasca e o próprio Polo Norte. As cidades onde viviam eram construídas em regiões altas, geralmente acima das núvens, pois conseguiam assim uma grande carga de luz solar, sendo que em algumas regiões dessas, o período com sol, as vezes era maior que o de escuro. O império possuia as Grandes Cidades Meridionais, que se encontravam no Polo Sul, muito parecidas com as do norte, mas bem mais afastadas do litoral. Essas cidades eram também conhecidas como Cidades Celestes, pois eram as mais altas de todas, os que ali moravam eram chamados de Celestianos e representavam a nobreza. Das cidades do norte vinham os guerreiros e os artefatos, como a extenção do império era maior pelo norte, a abrangência global desses era maior. Com isso essa porção era mais povoada e que cedia mais Avianos contra os Incubus. A parte Meridional, possuia a grande parcela da Elite de Juízes, que geralmente não eram levados para a guerra, pois contavam como um trunfo. Os Juízes Menores, do norte, eram os que entravam geralmente nas batalhas.

"Era muito cansativo derrubar um exército de sanguessugas... Mas tudo era compensado quando o sangue de um inocente não corria pelo chão, mas sim por suas veias..."


(2) A doença referida, na realidade é uma grande ironia da vida na terra, pois das luzes solares, de onde tiravam as forças para continuarem a viver e construir o grande império, foi a responsável pela tragédia e nascimento dos Incubus. Os Incubus, não passavam de Avianos primitivos, que por causa do efeito da radiação Ultra-Violeta, existente na luz do sol, sofreram uma mutação genética, desenvolvendo genes específicos que diferenciaram as duas espécies.


"Era trágico... Na linha de sangue, houve um, que só se enteressava pelo sangue propriamente dito..."


(3) Quando se percebeu que a doença era algo que não tinha cura e que podia ser transmitida via contato de fluidos corpóreos, todos os que demonstravam-na, foram exilados em uma ilha prisão conhecida como Atlântida, que era cercada por  montanhas. Essa ilha era de origem vulcânica, fazia parte da Dorsal Meso Atlântica (cordileira submersa, ainda existente no oceano Atlântico), e sobre as montanhas que a cercavam, vários postos de obsevação foram criados, com a finalidade de afundar qualquer comboio que deixasse a ilha. Mas um dos postos foi atacado de forma brutal e veloz, sem deixar sobreviventes, não permitindo o contato entre os postos, que sem tomarem noção do acontecido foram pegos de surpresa e também sucumbiram. Quando os Avianos tomaram ciência do ocorrido já era tarde, muitos Incubus haviam deixado a ilha e aportado com naus no litoral da América do Sul, Árica e Europa. A surpresa foi tão grande, que um destacamento de avianos foi levado para dentro da ilha, descobrindo um grande e complexo império. Com o auxílio de Artefatos especiais, muito antigos, se criou um maremoto de magnitude apocalíptica para afundar e destruir todo o império e a grande maioria de Incubus que ainda habitavam a ilha.

"Aquele foi um momento triste... uma ilha que tinha potencial... agora no fundo do mar..."