quinta-feira, 8 de julho de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo V - Parte III


Aquele homem que saiu em busca do divino, procurando por entre as areias do deserto, a figura que tanto lhe impressionou, caminhava de baixo do sol forte, ele tentava enchergar sua sombra, sua silhueta sobre a areia, mas a não podia a enchergar, pois a mesma se escondia sob seus pés.
Olhando ao longe ele enchergava um lago, mas na realidade, quanto mais ele andava em direção a este lago, mais perdido ele ficava, até que o mesmo percebeu que tudo não passava de uma maldita miragem.

As dunas se moviam a todo instante, suas pegadas sumiam e seus ouvidos escutavam vozes perdidas no vento. Um ambiente medonho se formava ao redor do homem, uma ambiente que nem todo guerreiro conseguiria demonstrar coragem e continuar fincando o pé na areia, em busca de algo que não estava certo de se encontrar.
Logo a frente ele escuta as músicas das hordas de ladrões do deserto. A terrível situação que o mesmo se encontrava, cada vez piorava, a um ponto que podia causar temor e pouca expectativa de vitória para muitos.

Ele esperou a noite cair, e de um calor escaldante, o deserto passou a ter uma temperatura próxima do zero, algo horrível para quem não se preparou. No meio da escuridão ele passa despercebido, ultrapassando as fronteiras das guarnições inimigas.
Ao passar pelo acampamento do inimigo ele percebe, que os mesmos, aderiram a crença de um deus, uma espécie de deus coletor de sacrifícios, um deus pálido e de boca vermelha, segurando entre as mãos um crânio humano. O medo tomou conta do peregrino nessa hora, mas mesmo assim ele registrou tudo em seus papíros.

Após trêslongos dias de caminhada pelo deserto o homem viu algo estranho, sob uma duna, algo estava a observa-lo. Ele continua andando, olhando para o chão, como se não tivesse percebido a presença do estranho. O tempo todo ele segurava firme sua adaga, escondida em baixo de sua vestimenta.
Uma sombra cobriu o peregrino, e começou a se mover junto do mesmo, ele não queria olhar para cima, pois imaginava que podia o estranho ter jogado sobre ele um feitiço. Mas passado algum tempo a sombra sumiu, e logo a sua frente um rodamoinho de areia se formou. A areia subia como se havesse um bater de asas muito forteno centro do grande cone giratório.
Sem dúvida era o bater de asas. O guerreiro deus que tinha demonstrado tanto poder a alguns dias se encontrava em sua frente. Sua jornada tinha chegado ao fim, ele havia encontrado o deus de seu povo ¹.



(1) Este deus ganhou o nome de Rá, e foi considerado por eles o deus do sol, a divindade máxima, aquele que tudo via. Nos papirus escritos por esse peregrino escriba, se encontra também, os relatos do deus dos nomades. Os mesmos também foram atraídos para a região onde teve o grande combate, mas como chegaram atrasados, só encontraram o corpo pálido de uma criatura. Como a cena ao redor do corpo era de uma grande catastrofe, esses nomades atribuiram a ele o poder divino. Embalsamaram o corpo e o carregavam em um sarcófago por onde passavam, prostrando oferendas de pilhagens ao corpo e sinônimo de servidão e devoção.

“Era tudo muito horrendo... O branco e o vermelho nunca deviam ter se encontrado...”