sexta-feira, 23 de março de 2012

ALEXANDRIA - CAPÍTULO II - PARTE VII


Lisboa era uma cidade bastante boêmia, também possuia becos tão escuros quanto os de Paris e Londres, ótimos locais para a nobre função do assassinato sob encomenda. Mas os assassinos lusitanos não tinham o mesmo talento para o ofício quanto aquele romeno e o francês que foram convidados a visitar a cidade. A taverna ficava em uma região afastada, uma grande e pobre região da cidade, onde o povo era empregado como carregadores ou ajudantes de barco, pessoas simples que mantinham seu orgulho vivo no trabalho bem feito. Esse recinto de boemios, possuia uma área mais restrita, onde pessoas estranhas, geralmente forasteiros, perambulavam em dias certos do mês.
Estas pessoas andavam encapuzados, todos de preto, mas com uma única coisa que chamava atenção, um pingente prateado em forma de duas asas abertas, pendendo de dentro das trevas da capa. O rosto dos mesmo não se podia ver, pois usavam um pano com uma abertura para os olhos. Todos os fregueses da taverna não se incomodavam com as estranhas reuniões, mas sempre ficavam criando histórias e lendas sobre os forasteiros, as histórias se misturavam com invenções e fatos reias, dando crédito e ao mesmo tempo fazendo com que todas as lendas ganhassem vida própria.


Macula entra na taverna, todas as pessoas que lá se encontram olham e estranham, pois aquele não era um dia do mês onde os encapuzados apareciam. Ele anda em direção ao recinto onde os estranhos se reuniam todos os meses. A porta ficava ao fundo da taverna, conforme ele crusava o estabelecimento, varios burburinhos eram feitos, muitos cochichavam e olhavam de canto de olho, mas não tinham coragem de levantar ou dirigir a palavra a ele.
Ao abrir a porta, Macula encontra uma sala escura e pequena, com uma mesa quadrada ao centro que possuia um candieiro aceso, trazendo um clima de penumbra ao ambiente. Ele não compreende o que significava, até que escuta uns toques na madeira do piso, como quando alguém bate na porta, solicitando que o dono da casa abra a porta. Os toques ficaram mais altos quando ele se aproximou da mesa, percebendo que essas batidas vinham do piso de mareira em baixo da mesa. Macula tenta empurrar a mesa, mas a mesma não se move nem um centimetro, até  que ele percebe dobradiças, a mesa na realidade era uma espécie de maçaneta. O problema era que ele ainda não tinha a chave para abri-la e nem mesmo sabia onde era a fechadura desta porta.
Os toque continuavam, como se o chamassem com mais severidade, obrigando-o a observar o ambiente. Mesmo possuindo um dom incrível na vista, um ambiente de penumbra era seu fraco, portanto ele vai até o candieiro e gira a chave para tornar o ambiente mais claro. Ao fazer isso ele ouve um som igual quando se da corda em um relóogio, era esse o som da porta sendo destravada. Por um mecanismo engenhoso a mesa se move e um alçapão é descoberto, uma figura coberta de preto o chama com um sinal com a mão e se move na direção das trevas.
Macula desce no alçapão escuro, lá dentro sua visão era perfeita, ele cconseguia seguir o espectro do calor do homem andando na frente. O teto de madeira, que na realidade era o piso da sala, acabava logo em frente, era uma espécie de túnel com teto não muito alto, bastante escuro e um pouco úmido. Em seguida o som da corda do relógio começa outra vez e  a porta se fecha com a mesa cobrindo-na.
O homem logo a frente fala com sua vóz grave:
- Está atrasado!