sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Papirus Alexandrinus - Capítulo III - Parte V

Aquelas criaturas magníficas cruzaram o céu de uma forma graciosa, via-se seus cabelos claros movendo-se, dançando com o vento que eles cortavam. Os homens da cidade Asteca observavam, e os adoravam.
Estas criaturas são descritas como anjos, mas na realidade, anjos são mensageiros divinos, estes eram criaturas terrenas, uma espécie que não fora catalogada, devido a sua astúcia. Como os Incubus, eles não eram homens, mas assemelhavam-se muito com os mesmos. Eles eram os Celestianos ¹.

Em suas costas, entre o par de asas, eles traziam uma lança e uma bolsa com flechas, cobertos pelo grande escudo, cruzando o peito pela corda, um arco dourado se prendia ao corpo do guerreiro. Do seu cinto, pendia uma bainha com uma poderosa espada prateada.
Ainda de baixo do escudo, mas não visível, encontrava-se uma bolsa contendo a alimentação ² dos guerreiros, não era muito grande uma vez que a alimentação dos mesmos podia ser bastante variada e rica, sendo facilmente providenciada no ambiente em que podem estar no momento.

Eles voavam, muitas vezes sumiam das vistas do Sacerdote Asteca, pois davam alguns rasantes, outras vezes porque subiam muito alto e desapareciam nas nuvens. E desciam em um grande aspiral, com certeza estavam rondando a terra em busca de algo.
Em um certo momento, quando estavam a uma altura vertiginosa, os mesmos desembainharam as espadas, fecharam as asas e despencaram do céu, em uma velocidade espantosa. Se atingissem o solo dessa forma com certeza morreriam.

A velocidade era incrível, o brilho das espadas era maravilhoso e assustador, o Sacerdote temia que com o choque dos mesmos com o chão, o fim do mundo se daria. Após alguns instantes de queda livre, os anjos desapareceram atrás das árvores da floresta; o Sacerdote se encontrava prostrado no templo, suando frio, orando a todos os deuses e deusas, pedindo misericórdia. O mundo não acabou neste dia, e o Sacerdote aliviou-se do medo.
Mas da região onde os anjos desceram, uma grande quantidade de luzes e ondas de impacto surgiram, atingindo a cidade, não de uma forma poderosa, mas mesmo assim assustadora.

Após isso os mesmos passaram em um rasante sobre a cidade, deixando de presente aos nativos a grande cabeça do Quetzalcoatl. Logo uma roda de pessoas se formou em torno da cabeça com a grande bocarra aberta; daquele dia em diante, uma grande praça, uma região de contemplação foi construída lá. O fim dos sacrifícios humanos em honra dos deuses fora instituído, em memória dos enviados dos céus, que trouxeram o deus da vida de volta para a cidade, para que fosse adorado.
Na realidade os Celestianos trouxeram a cabeça do Qutzalcoatl, pois sabiam que seria bem cuidada pelos nativos, que sempre o adoraram, desde os tempos mais antigos de sua civilização.


(1) Os Celestianos viviam próximos aos pólos geográficos da Terra, em ilhas aquecidas por águas vulcânicas, lugares que na teoria eram inóspitos, há centenas de anos, fora considerado como casa por estas criaturas. Moravam em cidades altas, acima das nuvens, em grandes palácios, conhecidos como as Cidades Celestes. Estes eram os que viviam próximos ao pólo Sul; já os que moravam próximo ao pólo Norte, viviam em cidades douradas incrustadas em paredões próximos ao mar, eram conhecidos como fantasmas do mar.


“Surgiam do Sul e do Norte... Misteriosamente, lutavam e caçavam os bebedores de sangue... Nunca foram abatidos, eram as armas mais potentes que qualquer exercito poderia ter...”


(2) Os Celestianos não se alimentavam de sangue como os Incubus, eles se alimentavam de grãos, verduras e carne. Portanto tinham uma alimentação bem próxima ao dos seres humanos. Os Celestianos, como os Incubus, possuíam uma fonte de energia especial. Essa era a luz solar mais pura possível; quanto mais alto e mais cedo possível um Celestiano voasse e absorvesse com a pela do corpo os raios mais novos do sol mais forte se tornava, mas para isso datas especiais existiam, como os Equinócios e os Solstícios (comemorados com muita festa) e os Eclipses.

“Era um insulto acreditar que tão gloriosas criaturas pudessem ser tão vis a ponto de beber o sangue de inocentes... Eles eram celestes, da luz e não das sombras...”