quinta-feira, 3 de março de 2011

ALEXANDRIA - CAPÍTULO I - PARTE III


O treinamento era duro, cavava covas, corria pela ilha carregando pedras e no fim do dia ainda era amarrado e espancado. Tudo sem reclamar, pois sabia que aquilo tudo lhe traria algo especial. Nas épocas frias, tinha que fazer o trabalho totalmente nu, seu pai dizia que era para ganhar resistência. As vezes ele caia e chorava, mas seu pai nunca demonstrou sentimentos por sua dor e cansaço, mandava levantar-se dando-lhe um chute.
Muitas vezes ossos se partiam, saim do lugar e nervos se estendiam demais, luxações e dor era algo do cotidiano. Até que quando atingiu os vinte e dois anos, após um dia de trabalho e de uma surra, seu pai lhe dirige a palavra e diz:
- E eis que a corça cai, para que o leão viva!
O rapaz não compreendeu inicialmente o que lhe fora dito, pois estava caído no chão imundo da cabana, engasgado com o próprio sangue. Então seu mestre repetiu a frase:
- E eis que a corça cai, para que o leão viva!
Retirando de dentro da blusa, uma pequena bolsa de coro pendendo de um cordão prateado.
- Aqui dentro dessa bolsa você irá encontrar um objeto, que foi passado de mestre para pupílo durante todas as gerações dos que aceitaram o código. Uma vez dito sim nunca mais podera voltar atrás.
- Não desejo nenhum presente, durante sete anos eu me matei aqui, quero o poder não um presente, isso é ação de um burguês!
- Seu idiota, não abra a boca para falar besteras, ou lhe surrarei novamente! E continuou.
- Eu também passei sete anos em sua companhia, e não ache que eu gostei, pois você não passa de uma escória, mas você é o melhor que eu consegui arrumar. Portanto abra esta bolsa e veja o que há dentro.
Ele joga a bolsa sobre seu pupilo e senta-se em frente a lareira, ficando a observar a madeira, que era trazida pelo mar, proveniente de embarcações que nalfragaram ou dos portos, queimando, com as chamas dançando de um lado para o outro.
-Olhe logo o que tem dentro da bolsa seu idiota, lhe adianto uma coisa, há um bote nas pedras, ainda hoje você deve retornar ao continente, mas antes cave bem na soleira da porta desta casa, o que você encontrar... leve.
O rapaz abre a bolsa, dentro havia uma pena e uma carta com instruções. A carta dizia para pegar a pena e coloca-la no cabo da adaga de seu mestre e lhe tomar a vida, pois ela agora era de direito seu. Depois pedia para pegar a pena e guarda-la novamente na bolsa, pois essa era seu maior tesouro, lhe daria todo o poder durante a vida enquanto tivesse junto de seu corpo e que devia ser passada para um pupílo dessa mesma forma.
Sem pestanejar o jovem a toma da bainha, a adaga possuia uma espécie de tampa em seu cabo, que era retirada com o girar de uma pedra vermelha, coloca a pena no cabo e desfere um golpe derradeiro no peito de seu pai. O suficiente para derruba-lo ao chão. Em seguida ele guarda a adaga na bainha e a coloca em sua cintura, desde então ele nunca mais iria se separar desta arma, nem mesmo reitirar a pena de seu interior. Indo em direção a soleira da porta, ele cava e a poucos centimetros encontra um baú recheado com pedras preciosas, moedas de ouro e um livrinho com título de código.
A carta ele coloca dentro da camisa ensanguentada de seu progenitor, e atira seu corpo na lareira. Com uma tocha improvisada ele ateia fogo na cabana.
Enquanto remava para o continente conseguia observar ao longe a luz da cabana queimando, e sentimentos de felicidade, liberdade e dever cumprido tomaram conta dele.