sexta-feira, 11 de março de 2011

ALEXANDRIA - CAPÍTULO I - PARTE IV

Chegando em terra ele começa a andar pelo porto, carregando seu baú, ele mancava, pois além de cansado de tanto remar e trabalhar, muitos ossos de seu corpo estavam cicatrizados de forma errada. Já era noite, então ele vai em direção aos fundos de uma taberna e se senta em meio ao lixo, observando aos lados se não havia algum resto de comida e se algum perigo pudesse se aproximar. Então ele abre novamente o baú, para ver seu ouro e pedras e nota o livrinho. Abrindo o mesmo, logo na primeira página dizia:

Faça o que eu mandar, não questione, somente obedeça!
Pegue a adaga com a pena em seu cabo e fure seu dedo, segure-a no machucado, até que sua dor passe.
Depois disso seus dons já estarão vivos e prontos para uso”

Em outra parte o texto pedia para que uma gota de sangue fosse deixada cair na capa do livro:

“Os dons só serão entregues defenitivamente ao portador, após o mesmo oferecer vida ao juramento.
O portador deve fazer um pacto de sangue com o código, e respeita-lo cegamente, pois senão o fizer, o código cobrará todo sangue do protador em vez de uma única gota.
Em troca da fidelidade ao código, seus dons viverão.”

Ele achava isso tudo muito estranho, mas nestes sete anos a única coisa que aprendeu foi aceitar as ordens sem questionar. Então ele fez tudo o que o livro ordenava e percebeu que tudo estava diferente, não sentia mais dores e seus ossos quebrados tinham voltado para o lugar de forma correta. Todas as articulações de seu corpo estavam soltas, como se rompidas, mas sem dor, seus movimentos eram novamente livres, não mais travados por causa do esforço diário que fez nesses últimos sete longos anos. Percebeu que tinha adquirido um equilíbrio sobre-humano.

Também conseguia ver melhor, seus olhos estavam diferentes, era como se possuísse outros olhos dentro de seus olhos. Uma parte do olho conseguia focalizar, uma outra seguir objetos e uma outra trazer objetos para mais perto. Sua mira tinha se tornado algo terrível para um alvo.

E por último juntamente com os dois dons que adquiriu, ele percebeu um terceiro, mas esse era algo muito difícil de se explicar, só conseguia compreeder, pois estava vivendo ele naquele instante. Era algo tão incrível, como se ele conseguisse enchergar tudo movendo-se de forma bem lenta, lhe dando a possibilidade de tomar decisões antes que um evento acontecesse por total, era como se ele fosse muito rápido e tudo ao seu redor muito lento. Mas isso só ocorria quando ele utilizava os outros dois dons ao mesmo tempo.

O rapaz pega o baú, o livro, a adaga e caminha até a estalagem, procurando um quarto e comida decente, para um novo homem. Agora a frase dita anteriormente por seu pai: “E eis que a corça cai, para que o leão viva!” criou sentido em sua cabeça.