quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Papirus Alenxandrinus - Capítulo I - Parte I

Procurando um sinal para remição

Em algum lugar da Europa do século X, durante as invasões dos bárbaros do norte...

E mais uma vez, caminhando entre os corpos caídos no campo de batalha, aquela figura, sombria e triste se encontrava. Sua silhueta já fora vista em tempos imemoriáveis, na mesma situação que se encontra agora... Caminhando dentre os mortos.
Uma fina névoa embaça o campo de visão, são as chamadas brumas da morte, que espalham sobre os vales, as árvores, os charcos logo adiante e as colinas, um odor fétido de carne pútrida, uma vez que a batalha se passou há uma semana.

Os perdedores não tiveram a chance de fazerem seus rituais para os mortos, pois toda a população fora assassinada pela horda vencedora. Os corpos são entregues às criaturas noturnas, pertencem aos animais mais obscuros agora.
Mas mesmo sabendo das circunstancias, aquela figura continua a caminhar em meio aos cadáveres, e todas as criaturas o respeitam, todos o veneram, ele é o senhor delas.

Uma chuva fina precipita, lavando esta grande sepultura coletiva, o odor fétido diminui, e nas colinas, a relva que as cobre começa a ficar úmida, criando assim um brilho triste, que contrasta com o ambiente cinza e vermelho aos seus pés. A figura agora permanece de pé, austera, no meio do campo, a chuva lhe lava o corpo de uma forma diferente, de uma forma como se limpasse sua alma, expurgando até seu ultimo pecado. Esta figura singular e triste possui o símbolo da tristeza no peito, ele é um amaldiçoado, um imortal que escolheu as sombras e agora se arrepende, procurando dentre os mortos uma chance de remição, um sinal da luz para um filho das trevas.

Com as mãos pálidas, de aparência frágil, o dono da figura se abaixa e pega uma espada quebrada, provavelmente trincada após um potente golpe contra um escudo de metal, ela possui adornos celtas, que lhe traz recordações.
Sua vestimenta é diferente das que os cadáveres usam. Uma vestimenta muito mais antiga remetendo o pensamento aos tempos de Roma, com águias douradas no peitoral e um elmo característico, mas na realidade ele é muito mais antigo, pertence a um mundo esquecido*, nem nos papiros de Alexandria sua civilização foi citada como era em sua natureza mais pura. Apenas traços desta civilização foram deixados na história, e os poucos descendentes se escondem nas sombras.

Seriam talvez pensamentos como estes que passavam pela cabeça da figura, agora abaixado, com o punho de uma espada nas mãos, observando o horizonte. Com certeza ele esta se lembrando de como seus descendentes eram poderosos, e como acabaram sendo praticamente extintos por aqueles que foram, por milênios, seus reles escravos.


(*) Este mundo era excluído do continente, se localizava em uma ilha no meio do Atlântico, eram os dominadores desta região. Antes dos primeiros vikings pisarem no solo das Américas, os nativos deste mundo esquecido, já haviam colonizado o novo mundo séculos antes, sendo cultuados como deuses, como senhores pálidos, aqueles que possuíam o poder da natureza nas mãos, aqueles que eram imortais e tornavam-se invencíveis no luar.
Quando o primeiro europeu pisou em solo americano estes deuses já haviam partido a milhares de anos, deixando para trás civilizações bem desenvolvidas, escritos, e armamentos jamais esperado para povos deste período, que acabaram sendo perdidos ou destruídos pelos mesmos, devido tamanha ignorância.
Este povo esquecido é citado nos papiros de Alexandria como Atlantis, ou seja, naturais de Atlântida. Mas ao contrario do que se encontra nesses papiros, esse não era um povo pacato e que sonhava em um mundo com todas as pessoas vivendo bem, esse povo era guerreiro, adorador da lua, hematófago e escravista.
Dominavam os mares, não permitiam que outros povos desenvolvessem técnicas náuticas, sempre afundavam barcos e se alimentavam do sangue de seus condutores, esse era o grande império marino de Atlântida.
Devido a um cataclisma, a ilha foi engolida pelo mar e toda esta civilização fora destruída, demonstrando assim que esses senhores pálidos, não eram tão imortais. Nos papiros de Alexandria, há diversos relatos de corpos extremamente pálidos chegando às praias de onde seria consolidado o reino dos Visigodos.