segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Papirus Alenxandrinus - Capítuo I - Parte II

Ao fundo, a figura escuta o som de trovões longínquos, e seu peito estremece com uma enxurrada de lembranças passando por sua cabeça. Levantando rápido ele arremessa o punho da espada trincada longe e começa a caminhar na direção dos grandes carvalhos logo na sua frente. Uma floresta escura, fria e aterradora, onde os sons de seus seguidores se tornam constantes e parte do ambiente, de uma forma tão uníssona, que não se percebe a presença dos mesmos. Entre as grandes toras, a neblina oriunda dos charcos, deixa a visão de uma floresta triste e traiçoeira, mas que para a figura, agora em marcha pisoteando a relva úmida, tudo isso é indiferente, pois há muito tempo ele não tem vontade de parar e contemplar esta natureza macabra.

A floresta torna-se seu refugio, a parte mais densa da mesma, onde as trevas reinam o dia inteiro é seu aposento de descanso e agonia. Sua pele alva queima, quando o sol a banha com seus raios luminosos, um eterno presente² de seus pais³.

Mas este presente, não é algo que se guarde com esmero, quando já se viveu milênios, e não se construiu nada, não se conquistou nada, não foi reconhecido por nada e nem adorado por nada. Como alguém, proveniente de um mundo antigo e guerreiro, poderia continuar desejando a vida longa, sem estes fetiches, sem estas objetivações de vida.

Dentre os da sua espécie a figura macabra que vemos na escuridão, tornou-se um pária, uma vergonha, exilado de seu clã e forçado a ter como Sucubus somente os mortos. Mas como sabemos a batalha já passou e os cadáveres não possuem mais sangue bom para consumo, mais uma vez, a figura não ira se alimentar e enfraquecerá, mas sua morte não vai chegar, a não ser que uma decapitação providencial o liberte deste plano, mas toda vez que tem a chance, ele se utiliza de audácia e cai em tentação, se alimentando e fazendo de Sucubus aquele que lhe veio fazer o favor de sua vida.



(2) Esse presente é explicado nos pergaminhos, como uma espécie de parasita, que vivia nas águas lacustres de Atlântida, que dava a capacidade de cura, mas que tinha efeitos colaterais, como uma grande sensibilidade à luz.

“Pequenos seres são estes, parecidos com girinos, nadam naquelas águas lodosas, e garantem a esse povo um poder macabro e demoníaco, só saciados com o sangue de seus Sucubus, mas por algum motivo, talvez pela maldição dos deuses, esses fogem da luz do sol”.

(3) Lê-se nos Pergaminhos Alexandrinos que quando um novo cidadão de Atlântida nascia, esse era levado até algum dos templos sagrados, onde recebia um elixir, colhido em uma fonte, que lhe garantia vida longa, desde que esse tivesse ao menos um súcubus, para sua alimentação. Durante muitos séculos, jovens eram levados a ilha de Creta, afim de servirem de oferenda à uma besta mitológica, fato esse explicado nos pergaminhos.

“Os jovens mais fortes e saudáveis das regiões gregas, são levados a Creta, que na realidade é um ancoradouro de Atlântida e então raptados para a mesma, dessa forma uma cota de uns cem jovens anuais é garantido como sucubus aos Atlantis”