terça-feira, 16 de agosto de 2011

ALEXANDRIA - Capítulo I - Parte XII

Aquele dia estava frio, assim como os anteriores, com um vento ainda cortante que trazia uma garoa proveniente do alto das copas dos pinheiros cobertos pelo orvalho do alvorecer. O sol não aparecia, pois as nuvens brancas os escondiam, mas pequenas faixas de luz podiam ser vistas surgindo atrás dos picos montanhosos. Era o nascer de uma bela manhã, mas que traria um tom fúnebre dali umas horas.
Todos os mercenários já estavam a marchar na direção da terra de Macula, cada um deles estava revigorado com a noite passada, mas sabiam que a empreitada seria dura. Quando chegavam em uma clareira, andando sobre as folhas cheirosas das árvores, umedecendo suas botas de couro com o orvalho que estava impregnado em todas as partes da floresta, tornando-se assim um aborrecimento, pois o frio se tornava maior e também mais perceptível, mesmo debaixo das camadas de pele de lobo que eles utilizavam. Mesmo em um lugar gelado como esse, um homem com vestimentas da nobreza e montado sobre um  alazão, inesperadamente aborda o grupo e diz:
- Muito bem, agora esperem, não desembaiem suas espadas, pois sou um emissário do imperador.
- Mais uma boneca!!! Grita um dos mercenários.
O homem observa com desprezo o homem que cometia a ousadia de falar aquilo, mas não tomou nenhuma providência, só continuou a falar.
- Escutem todos, o imperador ordena que esperem aqui por algumas horas, pois ele interceptou um outro emissário, que saiu do palácio ontem levando uma carta até a Transilvânia, com um mapa das entradas do palácio, indicando o caminho para os seus aposentos. José II acredita que uma pessoa bem próxima a ele quer sua morte, por isso deseja que todos vocês esperem aqui e criem uma emboscada para o assassino chamado Macula. 
Ele joga uma caixa de madeira no chão e diz:
- Aqui dentro vocês encontrarão mosquetes e também munição para abaterem o alvo.
Enquanto os homens se apossavam das armas o emissário sumiu entre as árvores e somente ouvia-se o galope pesado e rápido de sua montaria.  
Já se passavam duas horas e todos os mercenários estavam entocados, cobertos por relva ou mesmo sobre os galhos das árvores, os canos das armas estavam firmemente apontados na direção do caminho feito há vários anos por comissões que se dirigiam a novas terras.
Um cavaleiro coberto por roupas pretas se aproximava, era medonha a sua figura, andando vagarosamente com as brumas dançando entre os cascos de seu corcel negro. Sem a menor sombra de duvida aquele era Macula.
Em um piscar de olhos o cavaleiro havia desaparecido, somente seu cavalo vinha andando pelo caminho. Então um grito foi ouvido, sem nenhum disparo dado, com certeza Macula já tinha feito uma vítima. Uma sombra percorreu por alguns galhos e dois corpos penderam com cordas no pescoço, com o susto, o reflexo dos homens puxaram os gatilhos, alvejando os corpos imóveis na árvore. Não se sabia quantos já haviam caído frente ao exímio assassino.
Mas de repente, Macula aparece de pé, imóvel e coberto por um manto preto, no centro da clareira. Logo os mosquetes cuspiram balas, eram mosquetes modificados, encomendados pelos mecenas italianos e comprados pelo imperador. Possuíam quatro canos, soldados juntos de forma a ficarem como se fosse um único cano, tendo dois canos em cima e dois em baixo, não havendo a necessidade de recarregar após o primeiro tiro. Todos os mercenários atiraram na direção da figura sombria.
Macula com movimentos rápidos e extremamente calculados, consegue se esquivar várias vezes de diversas saraivadas de chumbo, ficando ileso e de pé no centro da clareira. Todos os seu inimigos estavam caídos, com laminas fincadas na garganta, proveniente dos arremessos velozes e certeiros que ele fez durante as esquivas. Era um assassino perfeito e uma verdadeira maquina de carnificina, mas muito silencioso.